segunda-feira, 27 de junho de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - 27/06/2011



A TREPIDANTE CELLY

Os setentões de hoje, que gostam de música popular e viveram uma juventude embalada pelos sucessos dos anos sessenta, não têm como negar toda beleza e encanto que uma única cantora, pequenina e envolvente, representou em suas vidas, marcando para sempre aquela época com suas notáveis interpretações.

Qual o setentão que não se lembra de Celly Campelo... que não é capaz de solfejar uma de suas músicas dos anos sessenta... que não dançou com alegria, saudando o rock que acabava de chegar, tendo, na menina saltitante, que cantava e conquistava tantos fãs, uma lembrança que jamais será esquecida ?

Celly foi a musa de muitos jovens que, hoje, já ultrapassam a barreira dos setenta, mas que jamais a esqueceram. Para aquela rapaziada toda, de 15,18 e 20 anos, ela representava o rock que estava chegando como grande novidade, após tomar conta dos Estados Unidos. Celly foi uma marca indelével no coração da juventude daquele tempo.

Nascida em Taubaté, no interior de São Paulo, no dia 18 de junho de 1942 (se ainda estivesse viva, estaria completando 69 anos), Célia Campelo Gomes Chacon foi criada na cidade onde nasceu, tendo estudado piano, violão e balé, tendo se apresentado, com apenas seis anos, numa emissora local, começando a cantar em um grupo amador, o Ritmos OK. Já em São Paulo, com o pseudônimo de Celly Campelo, ela logo se firmou como a primeira artista brasileira a obter sucesso cantando rock, tornando-se, no fim dos anos 50, uma das criadoras do movimento Jovem Guarda. Em 1958, com apenas 15 anos, lançou, com o irmão Tony Campelo, o seu primeiro compacto, já com os arranjos feitos pelo acordeonista Mario Genari Filho, que o acompanharia, doravante, em toda a sua vida artística. Celly alcançou o auge da sua popularidade nos anos 60, quando foi aclamada como Namoradinha do Brasil, gravando sucessos que dominaram a nossa juventude, como Estúpido Cupido, Banho de Lua, Hey Mama, Gosto de você meu bem, Broto Legal, Trem do Amor, Mar de Rosas, Ta-hi, Help (Vem me ajudar), Túnel do Amor e tantos outros. O sucesso era tanto que foi lançada a boneca Celly, pela Trol, e a Lacta lançou o chocolate Cupido. Em 1976, voltou às paradas musicais, tendo a música Estúpido Cupido se transformado em tema de novela da Rede Globo. No auge da sua carreira, Celly Campelo competia em popularidade com a italiana Rita Pavone, quase da mesma idade, já que nascera em Torino, no dia 23 de agosto de 1945 e menina ainda despertára para a música, lançando sucessos internacionais, cujas versões, em português, viravam coqueluche em todo o Brasil na voz da brasileira. Em 1996, já se apresentando esporadicamente pelo interior paulista, Celly Campelo detectou um câncer de mama. Com a operação, pareceu curada. Dois anos depois, no entanto, a doença voltou a atingir o pulmão, obrigando-a a ficar internada de 20 de fevereiro a 4 de março de 2003, quando veio a falecer, numa segunda-feira de carnaval, às 10 horas da manhã, em Campinas, deixando o mundo em que vivemos.

A menininha de ouro, que enfeitiçou os anos dourados da vida de muita gente, foi viver, como uma estrela de primeira grandeza, lá no céu.

É sempre bom recordar a sua voz.

http://www.youtube.com/watch?v=K-FLU9AxXQE

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