segunda-feira, 16 de abril de 2012

CRÔNICA DA SAUDADE - 18/04/2012

                             

UMA VOZ
E UMA SAUDADE


               Há quatorze anos, no dia 18 de abril de 1998, o Brasil perdia muito da sua musicalidade e do seu romantismo com o falecimento de um dos seus mais consagrados cantores de todos os tempos, ídolo de milhões de brasileiros e dono de uma voz inconfundível: Nelson Gonçalves.
   Filho de pais portugueses, que passaram a residir em São Paulo, no
bairro do Braz, logo após o nascimento do primogênito, Antonio Gonçalves Sobral (era este o verdadeiro nome de Nelson Gonçalves), que nasceu em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, no dia 21 de julho de 1919.
   Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria peso-médio, até
que, dois anos depois, resolveu tentar a sorte como cantor. Num programa de calouros da Rádio Tupi de São Paulo fez a primeira tentativa e foi reprovado. Na segunda, foi contratado. Tentou fixar-se no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo onde recebeu convite para um teste de gravação e foi recomendado a RCA Victor pelos compositores Osvaldo França e Rosano Monello. Foi com a ajuda de Benedito Lacerda que gravou, em 1941, seu primeiro disco, onde o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves, fez um relativo sucesso, garantindo ao cantor dois contratos: um, com a gravadora e, outro, com a Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado por Carlos Galhardo. Nesse mesmo ano, ao gravar Renúncia, de Roberto Martins e Mário Rossi, deu início à uma série de sucessos que marcariam a década de 40, como a célebre canção Maria Bethânia, de Capiba, os tangos Carlos Gardel e Hoje Quem Paga Sou eu, de Herivelto Martins e David Nasser.
               Na década de 50, gravou sucessos marcantes de Adelino Moreira, como A Última Seresta e A Volta do Boêmio, além de parcerias com o compositor em Mariposa, Timidez e no bolero Fica Comigo Esta Noite. No final da década, Nelson tornou-se viciado, passando a travar uma dramática batalha contra as drogas, problema que acabaria por ocasionar uma interrupção em sua carreira em 1962, quando foi preso por acusação de tráfico, tendo sido absolvido em julgamento.
          Nessa época, formou-se um mutirão de amigos que se uniram em torno da sobrevivência do cantor... do seu retorno às atividades artísticas... de sua volta aos shows, às gravações e ao sucesso. Por telefone, ele pedia socorro. E foram muitas as vezes em que inventamos temporadas na Rádio Borborema de Campina Grande, onde ele vinha e se apresentava cercado de cuidados, acompanhado da esposa, que o mantinha afastado das drogas. Em 1965, ele já era o mesmo Nelson de sempre. Gago, inteiramente gago ao falar; perfeito, totalmente perfeito, ao cantar.
                Em vida, nenhum cantor popular foi maior do que Nelson: gravou 120 LPs,  20 CDs, vendeu 50 milhões de discos, ganhou 15 discos de platina e 41 de ouro.
                 E ficou para sempre no coração do povo brasileiro. 

                                                                       

segunda-feira, 9 de abril de 2012

CRÔNICA DA SAUDADE - abril 2012

                                                         

O ADEUS DE PAVAROTTI

 

               Existem vozes humanas que marcam uma época, como já aconteceu com inúmeras outras que ficaram para sempre em nossas vidas, a maioria delas presentes na música erudita, que é o caminho natural dos grandes intérpretes de todos os tempos, como é o caso de Luciano Pavarotti, que foi o tenor dominante na segunda metade do século XX.
               Nascido em Módena, na Itália, no dia 12 de outubro de 1935, Luciano continuava continuava cantando como nunca, após mais de sessenta anos de vida, interpretando, melhor que ninguém, as grandes páginas da musica universal, como La Bohéme, de Verdi, Tosca, de Puccini e tantas outras, além das belas e incomparáveis canções napolitanas que só ele conseguia leva-las ao extremo da mais completa fascinação.
            Foi no dia 29 de abril de 1961 que o nosso mais completo tenor se apresentou no Teatro Massimo, de Palermo, num concerto tão memorável que lhe abriu as portas para suas primeiras aparições internacionais, como em Amsterdam, Viena, Zurich e Londres, em 1963. Foi com a ópera La Bohéme, de Verdi, a mesma tantas vezes apresentada no Teatro Scala, de Milão, que Luciano mostrou todo o seu poder de interpretação em San Francisco e Nova York, nos Estados Unidos, conquistando o coração de milhares de admiradores americanos e, a partir daí, em quase todos os países do mundo, inclusive no Brasil.
            Em 1968, veio a consagração, dando vida ao Rodolfo, da ópera La Bohéme, no Metropolitan Ópera House, de Nova York, convertendo-se, a partir daí, no mais conhecido e aplaudido tenor, desde Caruso.
              Juntamente com os amigos José Carreras e Plácido Domingos, outros excelentes tenores, Luciano realizou grandiosos concertos em Roma, no ano de 1991, e em Los Angeles, em 1994 .
              No auge da fama, ele surpreendeu aos seus milhões de admiradores em todo mundo, anunciando, durante sua interpretação da Tosca, no sábado, 27 de março de 2004 , no Metropolitan House, de Nova York, que aquela seria a sua última apresentação em público e que deixaria de cantar definitivamente no dia 12 de outubro de 2005, ao comemorar os seus 70 anos de vida, como realmente aconteceu.
                - De todos os palcos, tinha que ser neste: chegou a hora – disse o tenor,
com uma certa tristeza na voz de tantos sucessos.  
                As milhares de pessoas na platéia ficaram em silêncio por muito tempo, como se a música tivesse deixado de existir.
            Operado de um câncer pacreático em julho de 2006, em Nova York, ele deixou de fazer aparições públicas desde então, isolando-se em sua casa, em Modena, no norte da Itália, onde morreu, aos 71 anos.
            No dia 6 de setembro de 2007, Pavarotti, após muito sofrimento, partiu, enfim, para os campos eternos, deixando, em todos nós, a magia eterna da sua voz;