UMA VOZ
E UMA SAUDADE
Filho de pais
portugueses, que passaram a residir em São Paulo, no
bairro do Braz, logo após o
nascimento do primogênito, Antonio Gonçalves Sobral (era este o verdadeiro nome
de Nelson Gonçalves), que nasceu em Santana do Livramento, no Rio Grande do
Sul, no dia 21 de julho de 1919.
Aos 16 anos,
tornou-se lutador de boxe na categoria peso-médio, até
que, dois anos depois, resolveu
tentar a sorte como cantor. Num programa de calouros da Rádio Tupi de São Paulo
fez a primeira tentativa e foi reprovado. Na segunda, foi contratado. Tentou
fixar-se no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo onde recebeu convite para um
teste de gravação e foi recomendado a RCA Victor pelos compositores Osvaldo
França e Rosano Monello. Foi com a ajuda de Benedito Lacerda que gravou, em
1941, seu primeiro disco, onde o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves,
fez um relativo sucesso, garantindo ao cantor dois contratos: um, com a
gravadora e, outro, com a Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado por Carlos
Galhardo. Nesse mesmo ano, ao gravar Renúncia, de Roberto Martins e
Mário Rossi, deu início à uma série de sucessos que marcariam a década de 40,
como a célebre canção Maria Bethânia, de Capiba, os tangos Carlos
Gardel e Hoje Quem Paga Sou eu, de Herivelto Martins e David Nasser.
Na
década de 50, gravou sucessos marcantes de Adelino Moreira, como A Última
Seresta e A Volta do Boêmio, além de parcerias com o compositor em Mariposa,
Timidez e no bolero Fica Comigo Esta Noite. No final da década,
Nelson tornou-se viciado, passando a travar uma dramática batalha contra as
drogas, problema que acabaria por ocasionar uma interrupção em sua carreira em
1962, quando foi preso por acusação de tráfico, tendo sido absolvido em
julgamento.
Nessa
época, formou-se um mutirão de amigos que se uniram em torno da sobrevivência
do cantor... do seu retorno às atividades artísticas... de sua volta aos shows,
às gravações e ao sucesso. Por telefone, ele pedia socorro. E foram muitas as
vezes em que inventamos temporadas na Rádio Borborema de Campina Grande, onde
ele vinha e se apresentava cercado de cuidados, acompanhado da esposa, que o
mantinha afastado das drogas. Em 1965, ele já era o mesmo Nelson de sempre. Gago,
inteiramente gago ao falar; perfeito, totalmente perfeito, ao cantar.
Em
vida, nenhum cantor popular foi maior do que Nelson: gravou 120 LPs, 20 CDs, vendeu 50 milhões de discos, ganhou
15 discos de platina e 41 de ouro.
E ficou para sempre no coração do povo
brasileiro.
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