MARLENE
Antes que o mês de junho
chegue ao fim, não posso deixar de registrar o falecimento, no último dia 13
(sexta-feira), no Rio de Janeiro, de uma das mais marcantes cantoras do Brasil –
Marlene -, fascinante estrela da era do
rádio em nosso país e intérprete de alguns sucessos inesquecíveis da
música popular brasileira.
A sua morte foi confirmada por funcionários
do Hospital Casa de Portugal, em Rio Comprido, na região central do Rio de
Janeiro, onde Marlene, aos 91 anos, estava internada desde o dia 7 de junho, tendo
falecido devido à uma severa pneumonia.
Nascida
com o nome de Victória Bonauitti de Martino, no dia 22 de novembro de 1922, no
bairro da Bela Vista, em São Paulo, Marlene era filha de imigrantes italianos
e, embora tenha estudado para ser contadora, resolveu fazer o que mais gostava
e passou a investir numa carreira artística.
Foi assim, portanto, que adotou o nome de
Marlene, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich (de quem era fã), para
que seus pais, extremamente conservadores, não descobrissem que era cantora.
Quando já cantava na Rádio Tupi, nos anos 40,
foi descoberta pela mãe, que aplaudiu a filha enquanto cantava, indo, depois,
com ela, para o Rio de Janeiro, onde, realmente, mais se destacou no mundo
artístico, tendo vencido, em 1949, o Concurso para eleição da Rainha do Rádio, promovido pe-la Rádio
Nacional, fáto que a colocou entre as maiores estrelas populares da época,
tanto assim que o verso da música Cantoras
do Rádio, imortalizada na voz de Carmen Miranda, é uma homenagem à Marlene
e à outras estrelas da época, como Emilinha Borba, Linda e Dircinha Batista,
todas já falecidas.
Marlene lançou seu primeiro álbum em 1946: um
compacto com as canções Coitadinho do
Papai e Um Ano Depois, passando a
produzir, a partir daí, ininterruptamente, até o ano de 1979, quando lançou Raínhas do Rádio. A partir daí, lançou
apenas mais quatro discos: Há Sempre Um
Nome de Mulher (1987), Os ídolos do
Rádio (1988), Marlene, Meu Bem (1996)
e o úl-timo, Estrela da Manhã (1998).
. Espirituosa
e divertida, Marlene nâo gostava de revelar a idade, especialmente nos últimos
anos de vida, quando ela afirmava, em muitas entrevistas que nem ela mesma
sabia.
_
Eu quero que o mistério continue. Um jornal botou que tenho 70 anos, outro
anunciou que tenha 68, mas eu estou, na realidade, com cem anos: Firme forte e gostosa !
Marlene
era assim, espalhando bom humor por onde passava e deixando, em suas interpretações,
algumas das páginas mais inesquecíveis da música popular brasileira.
O
Brasil jamais esquecerá sua voz.
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