terça-feira, 25 de maio de 2010

CRÕNICA DA SAUDADE


UMA RÁDIO DE SEMPRE

A segunda metade do século XX foi determinante na história do rádio, tornando este veículo de comunicação, dos anos 40 aos anos 60, na mais poderosa força política e social do país, dominando, de maneira categórica e decisiva, durante muito tempo, a opinião pública brasileira.

A Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, foi, por muito tempo – especialmente nos anos 50 – um verdadeiro ícone do meio de comunicação perfeito, chegando com rapidez e interatividade, a milhões de ouvintes espalhados por todo o imenso território brasileiro, criando ídolos e modismos, fomentando idéias e alicerçando dogmas, como ocorre, hoje, com as redes de televisão.

Assim como aprendemos a ouvir as vozes famosas de Heron Domingues (com seu Repórter Esso), de César Ladeira e suas crônicas românticas, de Júlio Lousada (e sua Oração da Ave Maria), de César de Alencar (com seus programas dominicais), de Ary Barroso (com seus calouros na “Hora do Pato”), de Paulo Gracindo e de Carlos Frias, aprendemos, também, a aplaudir os artistas que a emissora costumava divulgar, como Francisco Alves, o Rei da Voz; Orlando Silva, o cantor das multidões (com seu programa semanal, ao meio-dia), Emilinha Borba e Marlene (com seus atuantes fãs-clubes) e tantos outros nomes famosos que a Nacional incluiu no dia-a-dia do nosso povo, de norte a sul do país, através de uma audiência jamais superada.

Como o rádio não conseguiu se organizar em redes, as grandes emissoras, isoladas, foram, aos poucos, perdendo o prestígio que, ao longo dos anos, haviam conquistado em todo o país. Ano após ano, as emissoras do Rio e São Paulo, como a Nacional – principalmente -, a Tupi, a Tamoio, a Record, a Jornal do Brasil e tantos outras foram desaparecendo de nossas vidas, pois já não eram sintonizadas além dos seus estados.

Mas o nome da Rádio Nacional... dos seus artistas... dos seus locutores... dos seus astros e estrelas famosos... dos seus programas que fizeram época... tudo isso ficou para sempre na lembrança dos que viveram o apogeu da maior emissora de rádio do Brasil.

Tudo isso me vem à lembrança, quando leio, num jornal do Rio, que os funcionários da Rádio Nacional lamentam a decisão do Governo de desativar a emissora, agora de forma definitiva, e encerrar suas atividades.

Em termos de memória, será mais uma tragédia nacional.

O Brasil que votou em Lula não merece mais esta.

terça-feira, 18 de maio de 2010

CRÔNICA DA SAUDADE


SAUDADES DO CABOCLINHO

A nossa vida é toda feita de recordações. Ao longo da existência, a gente vai guardando, na memória, no dia-a-dia de todos nós, as lembranças mais queridas – justamente aquelas que envolvem as pessoas que mais admiramos e que, por isso mesmo, resolvemos torna-las inesquecíveis. É como se a gente consultasse, à cada semana, para escrever esta crônica, um calendário especial... diferente desses que marcam apenas os meses e os dias... um calendário da saudade, onde anotamos, com as nossas mais puras emoções, os nomes daquelas pessoas que, de um modo ou de outro, marcaram as nossas existências.

Nos meus tempos de serenata lá em Campina Grande, no alvorecer da juventude, quando o Clube do Bacurau ainda funcionava todos os fins-de-semana, que tive a honra e o prazer de levar o Sílvio Caldas – o maior seresteiro de todos os tempos – para cantar, à luz da lua e ao som do violão de Antonio Emiliano, Carinhoso, de Pixinguinha, ao término do qual dezenas de pessoas despertaram na madrugada para aplaudi-lo.

Foi num dia 23 de maio do ano de 1908 que nasceu, numa casa modesta do bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, o menino Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas, filho do afinador de pianos Antonio e de dona Alcina Figueiredo Caldas. Antes de ser cantor, foi mecânico da Companhia Telefônica e motorista e, mesmo quando já estava contratado como artista da Rádio Mayrink Veiga, ainda continuou por muito tempo consertando caminhões. Em 1930, gravou, pela primeira vez, na RCA Victor, com o samba Amoroso, de sua autoria. Logo em seguida, no mesmo ano, gravou a canção Recordar é Viver e o samba-canção Amor de Poeta, ambas de autoria de Sinhô. Foi neste ano ainda que cantou Faceira, de Ary Barroso, que também começava sua carreira, tornando-se seu primeiro grande sucesso. Em 30, Sílvio lançou 19 discos pela Victor, contendo, ao todo, 32 músicas.

No ano seguinte, lançou várias marchinhas para o carnaval e um dos seus grandes sucessos nacionais, que foi o samba-canção Maria, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, gravando, em 1933, um dos clássicos da música popular brasileira: a valsa Mimi, do seu amigo Uriel Lourival. E vieram, em seguida, sucessos inesquecíveis, como Serenata, Boneca, Telefone do Amor, Por Causa Dessa Cabocla, Favela dos Meus Amores, Madrugada, Saudades Dela, As Pastorinhas, Sorris da Minha Dor, Chão de Estrelas, Deusa da Minha Rua, A Cor do Pecado, Maria, No Rancho Fundo, Morena Boca de Ouro, Três Lágrimas, Aquarela do Brasil, Na Baixa do Sapateiro, Suburbana, Minha Casa, Boa Noite Amor, Torturante Ironia, Favela, Serra da Boa Esperança e centenas de outras músicas que ficaram em nossas vidas. Em 1978, gravou seu último show ao vivo, no Canecão, ao lado de Pedro Vargas. Em 1989, participou do último espetáculo montado em sua homenagem, no Teatro João Caetano. No dia 3 de fevereiro de 1998, aos 90 anos, Silvio Caldas, o Caboclinho Querido, faleceu no seu sítio em Atibaia, em São Paulo, onde viveu os últimos 40 anos de sua vida.

Sílvio disse adeus ao nosso mundo e foi fazer, com certeza, lá no

céu, à luz das estrelas - e bem pertinho delas - as mais belas serenatas de todos os tempos.

sábado, 8 de maio de 2010

CRÔNICA DA SAUDADE


AS MÃES DE TODOS OS DIAS

Todo bom filho, que reconhece a força, a importância e a grandeza do amor materno na consolidação de todas as conquistas da sua vida, sabe muito bem que cada dia de sua existência é um período de tempo a mais que deve ser dedicado à demonstrações de afeto e de carinho que possam comprovar todo o reconhecimento que deve ser dado àquela mulher que garantiu a sua presença no mundo e que tudo fez para torna-lo feliz. Às mães devem pertencer, portanto, todos os dias das nossas vidas.

E o Dia das Mães do calendário – este que é oficialmente dedicado à todas as mães do mundo e que é comemorado no segundo domingo do mês de maio, todos os anos – como é que surgiu ?

Segundo se sabe, foi a americana Ana Jarvis, nascida no estado da Virgínia Ocidental, filha de pastores que, ao perder sua mãe, em 1905, ficou profundamente abatida e caiu em depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana aceitou a sugestão, desde que a festa fosse estendida à todas as mães, vivas ou mortas, e que aquela data fosse sempre lembrada, todos os anos, fortalecendo os laços familiares. A idéia de Ana, três anos depois, repercutiu, finalmente, junto ao governador William Glasscock, da Virgínia, que incorporou o Dia das Mães ao calendário daquele estado. Em 1914, o presidente Wilson, dos Estados Unidos, unificou a celebração em todos os estados americanos, estabelecendo que o Dia das Mães seria comemorado no segundo domingo do mês de maio, por sugestão da própria Anna Jarvis.

Em bem pouco tempo, mais de quarenta países adotaram a mesma data para suas homenagens às mulheres-mães, inclusive o Brasil, que festejou o seu primeiro Dia das Mães em 12 de maio de 1918, promovido pela Associação Cristã dos Moços de Porto Alegre, mas foi o presidente Getúlio Vargas, em 1932, que oficializou, para todo o país, o segundo domingo de maio, o que vem ocorrendo até os dias atuais.

Anna Jarvis passou toda a sua vida lutando para que as pessoas reconhecessem a força e a importância das mães em nossas vidas. Ela dizia às pessoas que todos deviam agradecer diariamente o amor que sempre receberam das suas mães. Anna morreu em 1948, aos 84 anos, tendo recebido cartões comemorativos de todo o mundo por anos seguidos, mas nunca chegou a ser mãe.

Coelho Neto, que sempre foi um grande escritor, virou poeta e fez um soneto que termina assim e que sintetiza toda a grandeza de ser mãe:Todo bem que a mãe goza ébem do filho,/espelho em que se mira afortunada./luz que lhe pôe nos olhos novo brilho !/Ser mãe é andar chorando num sorriso !/Ser mãe é ter um mundo e não ter nada !/Ser mãe é padecer num paraíso !

Amor de mãe, o filho sabe, é para sempre.