quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CRÔNICA DA SAUDADE - 19/01/2012



ELIS REGINA

                                                                         


                                 Nascida em Porto Alegre, no dia 17 de março de 1945, Elis Regi-na Carvalho Costa já demonstrava, desde criança, tendências para o canto e para a dança, mas escondia, com seus ares infantis cobertos de tanta meiguice, a jovem ou-sada, temperamental e corajosa em que haveria de se transformar com o passar do tempo, revelando a sua verdadeira e definitiva identidade.
                                 Como cantora e consagrada intérprete de grandes sucessos da nossa música popular, Elis, com certeza, jamais será esquecida. Quem poderá jamais, tendo vivido na mesma época em que ela conquistou o coração de todos os brasilei-ros, esquecer as suas interpretações impecáveis de músicas que se eternizaram em nossa memória, como “Madalena”, “Como Nossos Pais”, “O Bêbado e a Equilibrista”,
além de um sem número de outros sucessos dos então pouco conhecidos Milton Nas-cimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco e tantos outros que usaram a sua voz para poder saltar no trampolim da fama.
                               Elis sabia interpretar melhor que ninguém os principais ritmos da época, aventurando-se pelos muitos gêneros da MPB, passando do samba à bossa no-va, do rock ao jazz, mostrando sempre a força da sua interpretação, ora sozinha, ora em duetos famosos, como os que fez com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Wilson Simonal, Rita Lee e Chico Buarque.
                                Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do programa “Fino da Bossa”, e foi deste relacionamento que nasceu João Marcelo. Com o primeiro casamento desfeito, casou-se com o pianista Cesar Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita, hoje cantora de sucesso. Foi Mariano quem a ajudou a fazer arranjos de muitas músicas antigas e a dar novas roupagens à elas, co-mo fez com o famoso “É com esse que eu vou”.
                                Temperamental, do tipo que não gosta de levar conversa pra ca-as, Elis mostrou todo o seu temperamento em 1978, quando a cantora Rita Lee foi presa, acusada de porte de maconha. Ao saber da prisão da amiga, Elis foi ao presídio do Hipódromo, na região central de São Paulo, a fim  de visitar a companheira de pro-fissão. Em plena ditadura militar, armou um escândalo, pediu para ver a cantora e exi-giu que um médico a examinasse, já que ela, à época, estava grávida.
                                  Num outro episódio, já esquecido, ocorrido no Recife, em 1978, durante o governo Ernesto Geisel, fez amizade com Dom Helder Câmara, e participou de uma missa, cantando em favor da libertação de um líder estudantil, o Cajá, que havia sido preso, acusado de tentar reorganizar o Partido Comunista Revolucionário.
                                  Com sua presença marcante registrada nos álbuns Em Pleno Ve-rão (1970), Elis & Tom (1974), Transversal do Tempo (1978) e Elis (1981), veio a fale-cer, de maneira precoce, em 1982, há 30 anos, num dia 19 de janeiro como este, com apenas 36 anos, por conta de altas doses de cocaína e de bebidas alcoólicas, fáto que chocou  país profundamente, à época.
                                     Elis: uma breve passagem pela vida e uma eterna presença em nossos corações.
                                          
                                           http://www.youtube.com/watch?v=srfP2JlH6ls&feature=related

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