Quando nasceu, no dia 03 de outubro de 1915, numa casa simples da Estação do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, Orlando Garcia da Silva era uma criança pobre como muitas outras, cujo nascimento foi festejado, com música, por seu pai, que era um exímio violonista, tendo participado, inclusive, à época, da formação do conjunto Oito Batutas, do famoso Pixinguinha.
Incentivado por seu irmão Eduardo, Orlando começou a ensaiar para fazer um teste na Rádio Cajuti, quando o compositor Bororó, encantado com sua voz, resolveu apresenta-lo ao grande Francisco Alves. Na oportunidade, Orlando, que tinha apenas 17 anos de idade, cantou a valsa Mimi, deixando o nosso Chico Alves entusiasmado, a ponto de convida-lo a se apresentar no seu programa na Rádio Cajuti. Foi o primeiro passo para o sucesso, já que, três anos depois, gravava seu primeiro disco, na RCA Victor, com o samba-canção No Quilômetro Dois, de Aimberê, e o samba Para Deus Somos Iguais, de J. Cascata e J. Barcelos. No mesmo ano, o jovem Orlando Silva já gravava dois clássicos do seu repertório: o noturno Última Estrofe e a valsa Lágrimas, de Cândido das Neves, além de dos sambas Não é Proceder e Já é de Madrugada, de Assis Valente.
A partir daí, apresentando-se nas principais emissoras do Rio, à época, Orlando Silva gravou inúmeras musicas que se tornaram sucessos populares, como Tristeza, de J. Cascata, e Dama de Cabaré, de Noel Rosa, tendo participado, no dia 12 de setembro de 1936, da inauguração da Rádio Nacional, passando a ser o primeiro cantor a ter um programa exclusivo naquela emissora. No auge da sua forma vocal, Orlando gravou, em 1936, com a Orquestra da RCA Victor, a valsa Lábios Que Beijei, da dupla J. Cascata e Leonel Azevedo, tendo, no outro lado do disco, com Radamés Gnatalli e sua orquestra, Juramento Falso, da mesma dupla de compositores, dois dos sucessos mais marcantes da sua carreira. E vieram, desde então, outras interpretações inesquecíveis, como a valsa Aliança Partida e o samba-canção Amigo Leal, ambas de Benedito Lacerda; Boêmio, samba de Ataulfo Alves; Carinhoso, samba de Pixinguinha; a valsa Rosa, também de Pixinguinha (música preferida de Dona Balbina, mãe do cantor, e que ele jamais voltaria a interpretá-la após a sua morte); a marchinha A Jardineira, de Benedito Lacerda; Abre a Janela, de Arlindo Marques; Caprichos do Destino, valsa de Claudionor Cruz; Nada Além, fox de Custódio Mesquita; os sambas Meu Pranto Ninguém Vê e Errei,Erramos, de Ataulfo Alves; Página de Dor, de Custódio Mesquita; Balalaika, de George Moran; Meu Consolo é Você, de Nássara; Dá-me Tuas Mãos, de Roberto Martins; Uma Dor e Uma Saudade, de Zé Pretinho; Sertaneja, de René Bittencourth; Súplica, de Otávio Mendes; Preconceito, de Marino Pinto; Adeus, de Silvino Neto; Inquietação, Faceira, Risque e Terra Seca, todas de Ary Barroso; Serenata do Adeus, de Vinicius de Moraes, e centenas de outras interpretações que ficaram para sempre em nossa lembranca.
Neste mês de agosto (ele morreu no dia 7), os brasileiros estão chorando de tristeza nos 32 anos de saudade de Orlando Silva – o cantor das multidões.
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