terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CRÔNICA DA SAUDADE – 08/12/2010




BORBOREMA – 6O ANOS

Quando cheguei à Rádio Borborema de Campina Grande, em 1955, no alvorecer da minha juventude e com a vibração natural dos meus 16 anos, não tinha como controlar a emoção que me dominava: ali estava diante do prédio da emissora que eu tanto admirava, atendendo a um chamado de um verdadeiro mito da radiofonia campinense, que era Fernando Silveira, o diretor-artístico famoso, para que eu me submetesse a testes de redação e de microfone. Sem me fazer de rogado, escrevi alguns textos e li alguma coisa ao microfone, evitando o mais possível olhar de frente para Fernando, que ali estava, julgando-me, com toda a sua experiência e todo o seu talento de novelista sem igual e de intérprete aplaudido por todos.

Aprovado no teste, já pronto para começar a produzir programas para a Borborema, compareci ao trabalho, pela primeira vez, participando de uma reunião que iria definir, no dia 8 de dezembro que se aproximava, o sexto aniversário da emissora.

A partir daí, passei a viver uma vida inteira dedicada ao rádio, ajudando a desenvolver uma programação vibrante, voltada para cultura em todos os sentidos e para os interesses do povo campinense. A Borborema, na época, era o centro das atenções de toda uma região. Com suas ondas curtas e médias, dominava, com seus programas, locutores, cantores, músicos e atores, a audiência de dezenas de municípios que se agrupavam em volta de Campina. Quem não conhecia as vozes de Hilton Mota, Gil Gonçalves, Ary Rodrigues, Eraldo César, Luismar Rezende, Paulo Rogério, Germano Ramalho, Themistocles Maciel e de tantos outros locutores ? Quem não aplaudia e se emocionava com as novelas de Fernando Silveira, vibrando com o desempenho de Eliza César, Silvinha de Alencar, Janete Alves, Maria do Carmo, Edileusa Siqueira e tantas outras radio-atrizes ? E os programas de auditório, verdadeiras festas populares, como o Clube Papai Noel, aos domingos, pela manhã, com a presença de centenas de crianças ? E o humorístico A Escola do Nicolau, de Eraldo César, que fazia rir toda a cidade, bem antes da escolinha do Chico Anísio ?

Vejo-me de novo escrevendo e ensaiando cada um dos mais de dois mil capítulos - que consegui escrever e levar ao ar – do seriado As Aventuras do Flama, que fez parte da vida de milhares de crianças , hoje homens-feitos, mas que ainda recordam, com carinho, seus emocionantes capitulos.

E quantas homenagens prestei na crônica diária Bom Dia Para Você, lida sempre na voz famosa de Hilton Mota, com sua interpretação impecável ? E A Voz dos Municípios, programa comandado pelo saudoso Félix Araújo ?

A Radio Borborema, que completa 60 anos, neste dia 8 de dezembro, faz parte da vida e da história da cidade de Campina Grande e tem participação efetiva no desenvolvimento cultural e artístico do seu povo.

Da minha vida, ela não só fez parte, como fez questão de gravar tudo para sempre – na memória dos seus ouvintes – de onde ninguém pode apagar.

Um comentário:

  1. olá Deodato, velho companheiro da Rádio Borborema.
    Há um velho ditado popular que diz com muita propriedade: "Até as pedras se encontram", pura verdade. Neste mundo Novo, tudo é possível, até as pedras se encontrarem. Encontrei teu Blog por acaso, em outro Blog, Retalhos de Campina Grande.
    Tentei por várias vezes entrar em contacto contigo mais ninguém me dava um resposta concreta. Rádio Borborema 60 anos, quase chorei de alegria quando li teu comentário sobre aqueles anos maravilhosos, e o Flama e Eu, ainda guardo comigo aquela foto que tiramos com o patrocinio do Ping-Pong. Precisamos nos encontrar novamente, pois temos muito que conversar sobre aquele tempo, concorda comigo, foi um grande prazer. até breve...

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