terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CRÕNICA DA SAUDADE



GUERRA E PAZ


Nascido numa fazenda de café perto da cidade de Brodowsky, em São Paulo, no dia 30 de dezembro de 1903, Candido Portinari, filho de um casal de imigrantes italianos, seria um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos.

Na pequena Brodowsky, Portinari freqüentou a escola, mas não foi além do terceiro ano do curso primário. Só que nele já pulsava a vocação artística. Como desenhista, passou a trabalhar como ajudante de um grupo de pintores e escultores italianos itinerantes que viviam de decorar igrejas em cidades do interior.

Mudando-se para o Rio, Portinari logo se matriculou como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes. Aos 26 anos, em 1929, fez sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel do Rio, viajando, neste mesmo ano, para Paris, com uma bolsa de estudos, onde permaneceria até janeiro de 1931, quando retornou ao Brasil já casado com Maria Vitória Martinelli, jovem uruguaia de 19 anos, que seria sua companheira da vida toda e com quem teve seu único filho, João Cândido.

Com apenas um metro e cinqüenta e quatro centímetros de altura – prova mais que cabal que a genialidade de um homem não se mede pelo seu tamanho -, Portinari, com sua primeira mostra nos Estados Unidos, ganhou o prêmio Carnegie, em 1935, dando início a mais bem sucedida carreira de um pintor brasileiro com projeção internacional. Logo em seguida, vieram três grandes painéis para a Feira Mundial de Nova York, em 1939; sua exposição individual no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1940; os quatro painéis para a Biblioteca do Congresso, em Washington; a publicação do primeiro livro sobre sua obra, em 1941, pela Universidade de Chicago; a grande repercussão da sua exposição na Galerie Charpentier, em Paris, em 1946; a exposição itinerante, em Israel, em 1956, e, finalmente, seus monumentais painéis Guerra e Paz, para a sede da ONU, em Nova York, que o tornaram mundialmente conhecido.

Foi no dia 6 de fevereiro de l962, há 48 anos, que Portinari morreu, aos 58 anos, intoxicado pelas próprias tintas que davam vida às suas obras geniais, como se as cores tivessem resolvido pintar a sua alma, tendo, como objetivo, destaca-la, doravante, pelos caminhos sem fim da eternidade.

Cândido Portinari, o menino de Brodowsky, ficou em nossas vidas, pintando coisas e pessoas, deixando mais de cinco mil pinturas, cada uma delas com uma mensagem oculta para a humanidade.

No Guerra e Paz, lá na ONU, faltou alguém que explicasse aos presidentes americanos, de ontem e de hoje, a mensagem que o painel contém, retratando um mundo sem conflitos, possivelmente com os americanos bem longe do Iraque.

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