segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - 03/01/2011



O BEIJO QUE FICOU

Muitos foram os compositores populares que se tornaram famosos em todo o mundo, cuja marca registrada ficou patenteada em uma única música, embora tivessem sido autores de dezenas ou centenas de outras composições, igualmente belas, mas que não alcançaram, por um motivo ou por outro, o mesmo sucesso daquele que o mundo resolveu aplaudir e guardar para sempre.

Se Ary Barroso, por exemplo, é mundialmente conhecido como o autor de Aquarela do Brasil, muitas são as suas outras composições, igualmente maravilhosas, que o consagraram ao longo da sua vida. Mas a Aquarela ficou como uma marca, não só aqui, no Brasil, como em todo o mundo. É o caso da Garota de Ipanema, de Antonio Carlos Jobim. Da Asa Branca, de Gonzagão. Do Bahia, de Dorival Caymmi. Da belíssima A Noite do Meu Bem, de Dolores Duran. E de tantas outras músicas que se tornaram sucesso em todo o mundo e que transformaram seus autores em verdadeiras lendas-vivas, endeusados por uma verdadeira legião de fãs em vários países.

Com a mesma força, o Bésame Mucho, de Consuelo Velazquez, ficou para sempre, em todo o mundo, como o mais romântico e o mais famoso de todos os boleros. Era o gesto mágico do beijo sendo levado ás alturas e enaltecido numa melodia verdadeiramente divina, que saiu pelo mundo a fora a despertar paixões e a fazer nascer novos e impetuosos romances.

Segundo a própria Consuelo, a canção foi escrita antes que tivesse completado 20 anos, quando ainda não tinha beijado ninguém, a não ser nos seus sonhos e nos enlevos da imaginação. Besame Mucho, no entanto, foi uma das músicas mais interpretadas em todo o mundo, já que foi traduzida para mais de 20 idiomas. Para se ter uma idéia da força deste bolero, imaginem que ele já foi cantado por Plácido Domingo, Frank Sinatra, João Gilberto, Elvis Presley, The Beattles e, aqui, no Brasil, por alguns dos nossos mais consagrados cantores populares.

Nascida em 1920 na localidade de Ciudad Gúzmán, no estado de Jalisco, no oeste do México, Consuelo Velazquez granjeou fama internacional nos anos 40, como autora de boleros igualmente famosos, como No Me Pidas Nunca, Pasional, Déjame Quererte e, principalmente, por esse inesquecível Bésame Mucho, que o mundo ouviu, aplaudiu e nunca mais o esqueceu.

Consuelito Velazquez, como era conhecida, fechou seus olhos para a vida, aos 84 anos, no dia 22 de janeiro de 2005, há seis anos, na Cidade do México, mas o seu beijo – o beijo que nunca deu - tornou-se uma marca eterna nos lábios de cada um de seus fãs.

Bésame Mucho ainda vai continuar sendo ouvida e aplaudida por muito tempo pelos caminhos mágicos da eternidade.

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