sexta-feira, 25 de março de 2011

COMENTANDO A NOTÍCIA - 25/03/2011



A notícia: Nesta quarta-feira, 23, o Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento, decidiu que a “Lei da Ficha Limpa” só entrará em vigor a partir das eleições de 2012. Foram 6 votos contra 5. O Ministro Luiz Fux, recém-chegado à Corte, posicionou-se contrário à aplicação imediata da lei, considerando a ação inscontitucional e desempatou a votação. A decisão garantiu a posse de Cássio Cunha Lima (PSDB), o candidato ao senado mais votado na Paraíba, com mais de um milhão de votos.

Nosso comentário:

CONSCIÊNCIA LIMPA

Muitos foram os paraibanos que estiveram ligados, na última quarta-feira, 23 de março, aos meios de comunicação, buscando, a todo custo, notícias do julgamento, no Supremo Tribunal Federal, sobre o caso que envolvia a utilização ou não da “Lei da Ficha Limpa” nas eleições de 2010, o que acabou por impedir a posse do senador eleito Cássio Cunha Lima, que acabára de receber uma verdadeira consagração nas urnas, com mais de um milhão de pessoas votando no seu nome para o referido cargo.

Como todos já sabiam, a votação, no Supremo Tribunal Federal estava empatada, com cinco ministros se posicionando contra a utilização da “Lei da Ficha Limpa” nas eleições de 2010, com base na Constituição Federal (que proíbe a aplicação de novas leis com menos de um ano do pleito), e cinco ministros a favor do uso da referida lei.

O Ministro que faltava para o desempate seria nomeado pela Presidên-cia da República e, tão logo assumisse o cargo, teria, pela frente, a solução desta pendência.

Nomeado pela presidenta Dilma, do PT, o Ministro Luiz Fux assumiu o cargo e, na última quarta-feira, sem pestanejar, levando em conta apenas o que era de direito ou não e tendo por base que a utilização da “Lei da Ficha Limpa” nas eleições de 2010 teria sido um ato inconstitucional, resolveu a pendência, elogiando a referida lei, mas determinando que ela sòmente seria utilizada a partir das eleições de 2012.

Não apenas quem votou em Cássio para o Senado (e estava com esse nó na garganta, sem comemorar a sua vitória), mas como todos os paraibanos que ainda acreditam na força da democracia e na legitimidade do voto secreto, todos, sem dúvida, puderam, enfim, vibrar com a vitória do seu candidato.

Ôntem, 24 de março, Por volta das 17.00 horas, Cássio Cunha Lima finalmente, ao chegar à Campina Grande, foi saudado com entusiasmo por uma multidão que o aguardava no Aeroporto João Suassuna.

Agora, Cássio deve solicitar ao relator do seu processo, ministro Joa-quim Barbosa, que avalie logo o seu caso e aplique o entendimento já julgado, a fim de que ele, complementando a vitória do povo, possa tomar posse no Senado Federal, passando a fazer, finalmente, o que sempre soube fazer com maestria em sua vida, que é trabalhar em favor do povo da sua terra.

Dia 18 último, liguei para Ronaldo, seu pai, parabenizando-o pela passagem de mais um aniversário natalício e prometi, para breve, o seu mais desejado pré-sente. Não deu outra. Ôntem, voltei a ligar para ele: Gostou do presente ?

A Lei da Consciência Limpa vigorou com o novo ministro.

Parabéns, STF... parabéns, povo brasileiro !






sexta-feira, 18 de março de 2011

CRÕNICA DA SAUDADE - 19/03/2011



O JOSÉ DE RONALDO


Ronaldo podia ser Ronaldo como o pai queria, mas jamais deixaria de ter José no nome ou sua mãe não teria sido a Dona Nenzinha Cunha Lima, verdadeira expressão da mais pura mulher nordestina, voltada para as virtudes do lar e para os dogmas da religião católica. Se o menino tinha nascido entre o dia de São José de Arimatéia e o dia de São José, o pai de Jesús, como é que ele poderia deixar de ter um José no nome, por mais pomposo que fosse ?

E o menino foi batizado como Ronaldo José da Cunha Lima.

Assim como Ronaldo, que veio, com a família, lá de Guarabira, passando a residir na rua Tiradentes, quase no centro da cidade, eu também cheguei, à mesma época, de João Pessoa, com a minha família, que optou por residir na mesma rua, só que na parte que fica depois da Solon de Lucena, já pertinho do Campo de Zé Rodrigues. E foi assim que a gente foi misturando as nossas vidas – a princípio com as brincadeiras típicas da infância, juntando a turma toda das ruas vizinhas, como Helvetti Cruz, Zé Aleixo, Themistocles Maciel, Kerginaldo e muitos outros meninos de então -, até que chegamos à juventude, cada um pro seu lado, juntando-se de novo nas tardes prazeirosas da Rádio Caturité, quando a gente se encontrava para apresentar, das cinco às seis horas da tarde, o programa A Hora Poética Campinense, que também contava com a participação de novos poetas paraibanos, como Orlando Tejo, Eilzo Matos, Eduardo Ramires e tantos outros.

Esse rapazinho, que tinha jeito pra declamar poesia e gostava de aceitar desafios para qualquer roda de repente, enamorou-se de Campina, fez da cidade a sua musa e foi nas suas noites-madrugadas que encontrou inspiração para dar força a sua vida, casando-se com dona Gloria, com a qual constituiu uma grande família, formada por seus filhos Ronaldinho, Cássio, Savigny e Glauce, que hoje completam a sua felicidade.

O menino de ontem já foi tudo o que sempre, um dia, havia sonhado ser: vereador... prefeito da sua amada Campina por três vezes... deputado estadual... deputado federal... governador da Paraíba... senador... e, mais do que tudo isso, um pai amantísimo e uma criatura humana quase sem falhas.

Como poeta e escritor, a Paraíba e o Brasil já os conhece de sobra, lendo, ouvindo e aplaudindo as suas produções poéticas, que hoje fazem parte do que existe de melhor em termos literários em nosso estado.

No dia do aniversário de Ronaldo, a Paraíba inteira gostaria de estar ao seu lado, participando da sua festa e cantando, com alegria, o Parabéns Pra Você. Parabéns, Ronaldo, por tudo o que você sempre foi para o seu povo, para a Paraíba e para todos aqueles que nunca deixaram de admira-lo como amigo e como poeta !

quarta-feira, 16 de março de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - março 2011



A CORRIDA QUE NÃO ACABOU


Aquele meninozinho raquítico, nascido às primeiras horas da madrugada do dia 21 de março de 1960, na Maternidade de São Paulo, filho do casal Milton da Silva e Neide Senna da Silva, tinha que ter no sangue o gosto pela velocidade. Foi seu pai quem deu de presente a Ayrton Senna da Silva, quando ele tinha apenas 4 anos de idade, o seu primeiro kart, começando, a partir daí, uma das mais brilhantes carreiras do automobilismo mundial. E foi de tanto ouvir reclamações do menino de “que seu kart era muito lento”, que seu pai, após saber que Senna já trocava as marchas do trator da fazenda sem usar a embreagem, resolveu dar-lhe um kart de verdade, aos 7 anos de idade.Aos 8 anos, já participava da sua primeira corrida num balneário em São Paulo, para pilotos de 18 a 20 anos, cujo grid de largada seria decidido por sorteio. Por ser o mais jovem, Senna foi o primeiro a retirar, de um capacete, um papel... e advinhem qual o número que ele tirou ? O número 1, naturalmente. Em sua primeira corrida, ele seria o pole-position.

A partir daí, foram sucessivas vitórias nas mais diversas catego-rias, até sua chegada à Fórmula Um, onde conseguiu se transformar num ídolo de milhões de brasileiros, conquistando o aplauso de multidões em vários países de todo o mundo.

Ayrton Senna já havia disputado 160 grandes prêmios pela Fórmula Um, tendo sido campeão em 88, 90 e 91. Mas aquele Grande Prêmio que estava por vir... o de San Marino, na Itália... no circuito de Ímola... justamente onde ele já obtivera 3 vitórias e 7 poles seguidas (um recorde, até hoje)... não estava indo muito bem. Na sexta-feira, Rubens Barrichello livrou-se da morte devido à uma camada de pneus, quando sua Jordan deslizou na entrada da chicane e decolou sobre a zebra. Por milagre, Rubinho teve apenas escoriações leves. No sábado, o piloto austríaco Roland Ratzenberger perdeu o controle do seu carro e bateu na curva Villeneuve, a 300 quilômetros por hora, vindo a falecer no hospital. Senna foi ao local do acidente, reclamando da falta de proteção. Ele e mais três pilotos se retiraram do treino em respeito a Ratzenberger. No domingo, na sétima volta do Grande Prêmio, na curva Tamburello, a barra de direção da Williams quebrou e o Brasil pôde contemplar o mais trágico e lutuoso desastre automobilístico da sua história.

Se ele estivesse vivo, estaria completando, hoje, 51 anos de idade, recebendo homenagens dos milhões de fãs em todo o mundo.

Antes mesmo de morrer, ele já havia recomendado à irmã Viviane: precisamos fazer algo pelas crianças brasileiras... precisamos diminuir as desigualdades sociais que provocam a pobreza e a fome. Foi a sua última corrida. Hoje, o Instituto Ayrton Senna protege, ensina e alimenta mais de 200 mil crianças em todo o Brasil.

Nesta corrida, Senna, sem dúvida, ainda é o grande vencedor.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O CONTO DO MÊS - março 2011





As faces de Eva


Jamais pensara em estar ali, naquele pátio da penitenciária do Estado, sentado na calçada, tomando o seu banho de sol, tranquilamente, sem revoltar-se contra Deus e o mundo. Na verdade, perdera, ali dentro, na solidão de uma cela, aqueles que poderiam ter sido os melhores anos da sua vida, apesar da absoluta falta de perspectiva para o futuro naquela peque na cidade do interior, onde nascera e passara toda a sua juventude. Foi por insistência dos pais, simples agricultores, semi-alfabetizados, mas que sabiam reconhecer a importância do estudo para toda e qualquer pessoa, que tivera que suportar o sacrifício de frequentar uma escola, à noite, após passar o dia inteiro na roça, de enxada na mão, plantando e colhendo, dando um duro danado para garantir o sustento de todos, já que era filho único. De uma maneira ou de outra, mesmo sem ter nenhum horizonte à sua frente, era um su-jeito conhecido na pequena cidade de Araçá. Quem, naquelas redondezas, não conhecia o Beto do Chico Feijão ? Era o Beto... o Betinho... presente em todas as feiras, puxando uma fileira de jegues, com os caçoás repletos de milho e feijão, que sempre eram vendidos à uma freguesia certa. O seu futuro não era dos mais promissores. Mas havia futuro. E depois da loucura que fez ? Apaixonou-se pela Be-linha e deu no que deu.

Quando foi apresentado à moça, a coisa se passou da maneira mais simples:

- Betinho...

- Pode dizer, mãe.

- Essa é a Anabela.. filha do nosso vizinho... o que comprou o sítio do compadre Jorge.

- Prazer...

- Pode me chamar de Belinha - disse a moça, com um sorriso brejeiro nos lábios e com um brilho intenso nos belos olhos verdes.

Só que, a partir daí, o Betinho não conseguiu mais tirar a Belinha da sua cabeça. A todo momento, pensava naqueles olhos, no sorriso, nos seus longos cabelos negros, na beleza do seu rosto e no seu corpo perfeito. Bela ! - tinha de ser o seu nome - dizia consigo mesmo. E ali estava ela, na imponência dos seus dezoito anos, deslumbrante na sua meiguice, despertando sonhos no coração do jovem.

Com Belinha, vivera uma paixão sem limites, dessas que chegam com a força de uma tempestade e nos deixam expostos à chuvas e trovoadas. Todos os homens das redonde-

zas estavam de olho nela e, embora aparentasse estar protegida pelo manto da inocência e da pu reza, ela jamais deixou de incentivar qualquer um que a desejasse. Eram brigas sem conta em que Betinho se metera por causa de ciúmes. Até o dia em que ele encontrou os dois - a Belinha e o Reginaldo, filho de um dos mais ricos fazendeiros da região -, inteiramente despidos, tomando banho no Rio das Cobras. Avisado por um amigo, foi o local e assistiu toda a cena, desde quando sairam da água, alegres e sorri-dentes, até o momento em que rolaram na grama, aos beijos e abraços, e logo passaram a se amar, num ritmo frenético e quase alucinante.

- Miserável ! - rosnou, furioso com o que via, o Betinho. Ele desvirginou a minha Belinha !

Sem dizer mais nenhuma palavra, aproximou-se rapidamente, segurou o Reginaldo pelos cabelos e, de faca-peixeira na mão, desferiu o primeiro golpe no tórax, abaixo da garganta; o segundo, bem em cima do coração, e os demais - que nada mais significavam - no baixo ventre e em outras regiões do corpo. Inteiramente nua, de pé, sem esboçar qualquer reação, Belinha a tudo assistiu, até o instante em que alguns homens da fazenda, devidamente armados, encarregados da segurança do Reginaldo, e que se encontravam um pouco afastados dali, cercaram o Betinho, tomaram-lhe a faca e o conduziram para a delegacia. Se não fosse a providência do delegado de recambia-lo imediatamente para um presídio da capital, teria sido morto, com certeza, a mando do fazendeiro, tal era o poder que o pai da vítima exercia em Araçá e nas cidades vizinhas. Prestígio, certamente, que se fez sentir até mesmo no julgamento, quando Betinho foi condenado a mais de vinte anos de cadeia. E ele ali está, tomando o seu banho de sol semanal, exatamente como tem feito nos últimos dezoito anos. Sem o amor de Belinha - já que nunca soube que fim ela levara - e, o que é pior, sem direito à vida.

Estava assim, imerso em recordações, quando um outro prisioneiro, alto e forte, louro, de olhos azuis, aproximou-se:

- Soube da sua história por um dos detentos - disse.

- É... muitos sabem do que houve comigo...

- Uma mulher bonita... ciúmes... e a desgraça se fez.

- É isso. Tive que matar o infeliz...

- Foi o mesmo que se deu comigo.

- Uma mulher...

- Morena... linda... terna... por quem me apaixonei. E nem havia razão para tanto. Sabe onde fui encontra-la ? Numa favela. Como advogado, meu ambiente era outro. Casado e bem casado, não tinha como me meter com esse tipo de mulher, principalmente por saber que tinha sido o pivô de um crime.

- Você sabia...

- Claro que sabia. Eu estava em casa, quando um dos meus empregados, que trabalhava, como zelador, no meu escritório, procurou-me. Estava nervoso e assustado. Havia cometido um assassinato. Vivia, há dois anos, com uma mulher, chamada Florinda, ou simplesmente Flor, como à ela se referia ao contar a história. Naquela noite, ao retornar ao barraco, na favela, encontrou-a nos braços de outro homem. Não hesitou um só segundo. Puxou o revólver e disparou três tiros no desgraçado, que já caiu morto no chão. Como louco, fugira da favela e ali estava, em minha casa, pronto pra se mandar pelo mundo, mas exigindo, de mim, uma promessa.

- Que tipo de promessa ?

- Queria que eu livrasse a Flor de qualquer problema e que a protegesse, pois ainda a ama- va. Fiz o que me pediu e cometi o maior erro da minha vida. Ao ver a mulher pela primeira vez, entendi, de imediato, porque a chamavam de Flor. Era o que ela era. Uma flor. Uma morena des lumbrante. Sedutora. Meiga. Terna. Pura. Um verdadeiro encanto, se é que apenas isso poderia defini-la. Foi pura paixão ao primeiro olhar. Linda e sensual nos seus trinta e poucos anos, Flor não apenas livrou-se da justiça, como passou a viver comigo numa casa, após o meu casamento estar desfeito. Vivemos cerca de um ano na mais plena felicidade. Como desejasse estudar, contratei os melhores professores para ensina-la. E foi com um deles - o de matemática - que a en- encontrei aos beijos e afagos, em nosso quarto, numa noite em que ela julgou que estivesse viajando. Não pensei mais nada: apenas saquei o revólver e atirei nos dois. Ele morreu na hora, mas ela conseguiu escapar com vida. Quando a polícia chegou, eu ainda estava lá, abalado, sentado na cama. Fui preso, julgado e condenado e há dois anos estou aqui.

- Só muda o lugar, mas as histórias são as mesmas.

- É verdade...

- Eu me tornei criminoso num sítio... seu empregado, num barraco de favela... e você, numa casa da cidade grande.

- E o seu caso, como foi ?

Enquanto o Betinho contava o drama que vivera há dezoito anos e pelo qual estava pagando até hoje, um outro detento, gordo e careca, usando óculos de grau, que estava ali perto, acercou-se um pouco mais dos dois. Ao término da história do Betinho, o advogado - que agora se identificara como Carlos - tirou as suas conclusões:

- Veja bem: o homem da roça... o zelador da cidade... e o advogado, que se formou para respeitar as leis... todos tiveram reações idênticas e mataram por causa de uma mulher !

- Belíssima conclusão ! - disse o outro detento, que já estava bem próximo e atento ao fi-

nal da história do Betinho.

- O senhor é... - quis saber Carlos, interessando-se na curiosa e volumosa figura.

- João Gualberto de Pereira Lopes. JG no mundo empresarial. Aqui, nesse nosso mundo, trate-me pelo apelido que ficar melhor. Que tal João Careca, João Gorducho ou qualquer coisa assim ?

- O senhor já deve ter algo em torno dos setenta. Mesmo aqui, o respeito aos mais ido- sos ainda é uma norma - disse o advogado.

- Que mal pergunte, doutor, como é que o senhor - que parece ser um homem de posses - está fazendo aqui nesta prisão ?

- Tá valendo a pergunta do Betinho. Eu o reconheço agora. Já vi suas fotos nos jornais. O senhor é o dono das indústrias JG, uma das maiores do Estado. Como foi que um homem com o seu prestígio veio parar aqui ? Que crime cometeu ? - perguntou Carlos.

- Matei o meu sócio - respondeu o industrial. Matei-o com essas mãos. Estrangulei-o. E faria tudo de novo.

- Que fez ele ? Roubou parte da sua fortuna ? - interessou-se em saber o Betinho.

- Parte ? Ele roubou toda a minha fortuna !

- Toda ?

- É... ele roubou de mim a única mulher que amei na vida... meu maior tesouro... minha ver dadeira fortuna !

- Ah, uma mulher... - entendeu, enfim, o advogado.

- Ela era a coisa mais linda do mundo. Meiga e doce. Terna e carinhosa. Durante alguns meses de vida em comum, fui, sem dúvida, o homem mais feliz da terra ! Nem com a minha falecida tinha vivido momentos de tanta felicidade !

- O senhor era viúvo e voltou a casar-se... - aprofundou-se o Betinho.

- Um casamento inesperado, mas com toda a pompa necessária, com a presença da mais alta sociedade. Fiz questão de marcar, com uma grande festa, aquele dia que iria assinalar o meu reencontro com a alegria de viver. Ela poderia ter no máximo quarenta anos e aparentava, com sua beleza, ser muito mais jovem, mas a diferença de idade, contudo, não importava. Eu estava renascendo para a vida e Rosa, que já frequentava os ambientes sociais e sonhava com vôos mais altos, estava pronta a me oferecer o paraíso em troca de luxo e dinheiro. E Rosa me fez feliz por algum tempo. Até que o dia fui informado que ela estava me traindo com o meu sócio. Fui à uma casa de campo onde se encontravam. E os flagrei. Os dois ali estavam, despidos, deitados na cama. Furioso, deitei-me sobre ele e, com minhas mãos crispadas, apertei o seu pescoço até sentir que deixara de respirar.

Por um instante, arfando, o empresário parou de falar, baixou a cabeça e começou a soluçar.

- Na verdade, estamos os três aqui por um mesmo motivo: matamos por amor - concluiu Carlos. E querem conhecer a causa da minha desgraça ?

Retirou do bolso e, olhando-a com carinho, disse:

- Eis a mulher por quem matei.

Os três homens olharam a foto e disseram, quase a uma só voz:

- Belinha ! - exclamou Betinho.

- Rosa ! - gritou o empresário.

- Mas essa é a Flor ! - asseverou o advogado.

E os três, sem querer acreditar no que viam, ficaram ali, por algum tempo no mais completo silêncio.

quinta-feira, 3 de março de 2011

COMENTANDO A NOTÍCIA - 03/03/2011


A notícia: O deputado João Paulo Cunha (PT) foi eleito, ontem, por 54 votos sim e dois em branco, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a mais importante comissão permanente da Casa. Como todo mundo sabe, ele é réu no caso do mensalão, cujo processo corre no Supremo Tribunal federal (STF), sob acusação de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.

NOSSO COMENTÁRIO:


CARA DE PALHAÇO


Quando o palhaço Tiririca, que foi considerado analfabeto e inelegível, conseguiu tomar posse, como Deputado Federal, assumindo um mandato que lhe foi outorgado por mais de um milhão e duzentos mil paulistanos, achamos que a justiça tinha sido feita: se não o queriam na Câmara, por que diabos, então, haviam votado nele ?

No início desta semana, no entanto, Tiririca foi indicado como membro efetivo da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, passando a determinar ações em favor das áreas educacionais e culturais que irão beneficiar o povo brasileiro.

A partir daí, o nariz de palhaço, pelo menos, começou a se destacar na nossa cara.

Com a notícia de ontem, informando que o deputado João Paulo Cunha (aquele mesmo do mensalão e que, há pouco tempo, foi processado pelo Supremo Tribunal Federal, acusado de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato), havia sido eleito Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, praticamente por unanimidade, já que recebêra 54 votos e dois em branco, passamos a acreditar, finalmen-te, que aquela Casa do Parlamento Federal deseja, certamente, colocar uma cara de palhaço na face de cada eleitor brasileiro.

Que se coloque um semi-analfabeto como membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, até que ainda dá prá se deixar de lado, já que o palhaço Tiririca tem a sua vocação artística e, mesmo sem ser nenhum doutor em letras, pode transformar em realidade alguma boa idéia em favor da educação e da cultura do povo brasileiro. Tudo mais ou menos. Dá prá se relevar. Agora, no caso do João Paulo Cunha, do PT, que praticamente ficou comprovada a sua participação no famoso mensalão, com processo no Supremo Tribunal Federal sob várias acusações e que, agora, mais do que nunca, deve seguir em frente, não dá prá ninguém entender qual o motivo que fez com que os seus colegas deputados nele votassem, elegendo-o Presidente da mais importante comissão permanente da Casa: a Comissão de Constituição e Justiça, que sempre foi o setor responsável do parlamento prá decidir quem safado, canalha, ladrão e quem não é.

Com a eleição de João Paulo Cunha para Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, os deputados, ao invés de colocar apenas o nariz de palhaço na cara do eleitor, como no caso do Tiririca, colocou uma máscara completa no rosto de cada um de nós, deixando-nos desiludidos, desesperados e sem saber o que fazer.

Como se não bastasse a eleição do Sarney para presidente do Senado (o pobre coitado, já velho e abatido, assumiu pela quarta vez aquela estafante presidência), ainda temos que conviver com a eleição do Tiririca e do João Paulo Cunha.

Dá vontade de tocar fogo no circo.