sexta-feira, 1 de julho de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - julho 2011



CYRO MONTEIRO... QUEM É ?

Num dia desses, numa dessas conversas de bar onde assunto é o que não falta, o papo começou a girar em torno de música popular brasileira e, com relação às nossas raízes mais puras, defendi o ritmo do samba, feito numa caixinha de fósforos, no melhor estilo de Cyro Monteiro, como o que de mais fascinante existe em termos de Brasil. Embora a faixa de idade dos integrantes do bate-papo não fosse baixa, já que quase todos haviam passado dos quarenta, a maioria nunca tinha sequer ouvido falar no velho Cyro, embora gostassem da nossa música mais popular, que é o samba.

Como no próximo dia 13 de julho estaremos assinalando mais um aniversário do seu falecimento, teremos, a partir de agora, o cuidado de informar aos nossos mais jovens ouvintes, alguma coisa a respeito desse Cyro Monteiro, que o poeta e compositor Vinicius de Moraes considerava o maior cantor popular brasileiro de todos os tempos. Aos mais velhos, vamos apenas refrescar a memória, a fim de que eles se recordem dos grandes sucessos da nossa música que o Cyro interpretou melhor que ninguém. Nascido no bairro do Rocha, lá no Rio, no dia 28 de maio de 1913, Cyro Monteiro, além de ter sido um excepcional intérprete da nossa música mais popular, tendo marcado época com sua voz, seu ritmo e sua capacidade de modular e improvisar, ficou conhecido por sua grande simpatia, bondade e capacidade de fazer amigos. O cantor das mil e uma fãs, como era anunciado nos programas de rádio, era torcedor do Flamengo, mas era um flamenguista de quem até mesmo os adversários gostavam. Sempre cantou ao lado de grandes artistas da nossa música, como Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Custódio Mesquita, Noel Rosa, Gastão Formenti e muitos outros, mas Cyro era dono de uma interpretação toda sua que o destacava dos demais. Em 1937, já fazia grande sucesso com o samba Se Acaso Você Chegasse, de Lupiscínio Rodrigues e Felisberto Martins. A partir de 1939, os grandes sucessos carnavalescos se sucederam, OH, Seu Oscar, de Ataulfo Alves; Gosto de Te Ver Cantando, de Capiba; Os Quindins de Iaiá, de Ary Barroso; Linda Flor da Madrugada, de Capiba; Saudades dela, de Alcyr Pires Vermelho; seguindo-se, também, muitos sambas que até hoje ninguém esquece, como Deus Me Perdoe, O que se Leva dessa Vida, Pisei Num Despacho, Tem Que Rebolar, Madame Fulano de Tal (de sua autoria), Certa Maria (em parceria com Vinicius de Moraes), Formosa, e até mesmo Meu Pandeiro, uma das raras incursões de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, pelo universo do samba. Em 1970, lançou um LP pela Continental, com músicas de novos compositores, como Dela, de um tal Roberto Carlos e do seu parceiro Erasmo Carlos. Pela última vez, gravou, dois anos depois, com Vinicius e Toquinho, os sambas Que Martírio, de Haroldo Lobo, e Você Errou, de sua autoria.

Com apenas 60 anos, Cyro Monteiro faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde sempre viveu, no dia 13 de junho de 1973, tendo sido sepultado, com grande acompanhamento, no Cemitério de São João Batista, ao som do hino do Flamengo e coberto com as bandeiras rubro-negra do seu clube e verde-e-rosa da Estação Primeira de Mangueira.

Cyro Monteiro marcou, com seu talento, uma das melhores fases da musica popular brasileira. O Brasil de hoje não pode jamais esquece-lo.

http://www.youtube.com/watch?v=EQOl1OWIiZ0&feature=related


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