ISAURINHA, A PERSONALÍSSIMA
Certa vez, em seu famoso programa de auditório na TV Tupi, o saudoso locutor Blota Júnior, ao anunciar a cantora, cuja presença marcante em nossa música popular jamais será esquecida, disse, pela primeira vez, o slogan que haveria de acompanha-la por toda a vida: “Com vocês... Isaurinha Garcia – a personalíssima !” Na verdade, o velho Blota havia definido a cantora com um slogan, já que ela, realmente, sabia colocar, em cada uma das suas interpretações, uma conotação toda especial, através do jeito de cantar, dando uma personalidade própria a cada música, como uma marca pessoal.
Paulistana do bairro do Brás, onde nasceu, na rua da Alegria, no dia 26 de fevereiro de 1919, já encantava, com sua voz, desde menina, aos que a ouviam cantar, enquanto trabalhava na loja da família, engarrafando vinho. Aos 13 anos, já cantava na Rádio Cultura, mas foi na Radio Record onde se firmou, em 1938, ao se sair vitoriosa de um concurso, onde foi classificada em primeiro lugar, cantando o samba “Camisa Listada”. Em 1941, gravou, pela Colúmbia, seu primeiro disco, com as músicas Chega de Tanto Amor, choro de Mario Lago, e Pode Ser, samba de Geraldo Pereira e Marino Pinto. A partir daí, o samba passou a fazer parte da sua vida e foi com esse ritmo que ela gravou algumas das mais belas páginas da nossa música popular. Em 1943, já gravava o seu primeiro sucesso nacional: Aperto de Mão, de Jaime Florence e Augusto Mesquita. A partir daí, outros sucessos a tornaram cada vez mais conhecida em todo o Brasil, como o clássico samba-canção Linda Flor (Ai, ioio), de Henrique Vogeler, além de outras páginas imortais, como Não Faças Caso Coração; de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, Mensagem, de Aldo Cabral e Cícero Nunes; Barulho no Morro, de Roberto Martins; Edredon Vermelho, de Herivelto Martins; De Conversa em Conversa, de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa; Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro; No Rancho Fundo, de Ary Barroso; Pé de Manacá, de Hervê Cordovil; Nunca, de Lupiscínio Rodrigues; Mocinho Bonito, de Billy Blanco, além de muitas outras músicas que jamais serão esquecidas na sua voz. Em 1957, gravou o seu primeiro LP – A Personalíssima -, iniciando outra fase de grande sucesso, com músicas inesquecíveis, como Deixa Pra Lá, de Vinicius de Morais, Foi a Noite, de Newton Mendonça e Tom Jobim; Cansei de Ilusões, de Tito Madi; ...E Daí, de Miguel Gustavo; Saia do Meu Caminho, de Evaldo Rui; Corcovado, de Tom Jobim; Água de Beber, de Vinicius e Tom Jobim; Meu Nome é Ninguém, de Haroldo Barbosa; Tem Bobo Pra Tudo, de João Correia da Silva, afora muitas outras interpretações. Nos anos 60, Isaurinha Garcia eternizou músicas geniais de Martinho da Vila e Dolores Duran, cantando, de Martinho, O Pequeno Burguês e Casa de Bamba e, de Dolores, Castigo e A Noite do meu Bem, imortalizando outros grandes compositores brasileiros, gravando sucessos, como Januária, Com Açúcar e Com Afeto, e Carolina, de Chico Buarque, e Folha Morta, Camisa Amarela e Três Lágrimas, de Ary Barroso.
Num dia 30 de julho como este que vem aí, no ano de 1993, há 18 anos atrás, em sua residência, na cidade de São Paulo onde nasceu, viveu e alcançou um sucesso musical sem precedentes em nossa musica popular, Isaurinha Garcia fechava os olhos para a vida e deixava escrito um dos mais belos capítulos da historia da nossa musica popular, cantando, com toda a sua personalidade, páginas inesquecíveis do nosso cancioneiro.
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