A GRANDE CORRIDA
Aquele meninozinho raquítico,
nascido às primeiras horas da madrugada do dia 21 de março de 1960, na
Maternidade de São Paulo, filho do casal Milton da Silva e Neide Senna da
Silva, tinha que ter no sangue o gosto pela velocidade. Foi seu pai quem deu de
presente a Ayrton Senna da Silva, quando ele tinha apenas 4 anos de idade, o
seu primeiro kart, começando, a partir daí, uma das mais brilhantes carreiras
do automobilismo mundial. E foi de tanto ouvir reclamações do menino de “que
seu kart era muito lento”, que seu pai, após saber que Senna já trocava as
marchas do trator da fazenda sem usar a embreagem, resolveu dar-lhe um kart de
verdade, aos 7 anos de idade. Aos 8 anos, já participava da sua primeira
corrida num balneário em São Paulo, para pilotos de 18 a 20 anos, cujo grid de
largada seria decidido por sorteio. Por ser o mais jovem, Senna foi o primeiro
a retirar, de um capacete, um papel... e advinhem qual o número que ele tirou ?
O número 1, naturalmente. Em sua primeira corrida, ele seria o pole-position.
A
partir daí, foram sucessivas vitórias nas mais diversas catego-rias, até sua
chegada à Fórmula Um, onde conseguiu se transformar num ídolo de milhões de
brasileiros, conquistando o aplauso de multidões em vários países de todo o
mundo.
Ayrton
Senna já havia disputado 160 grandes prêmios pela Fórmula Um, tendo sido
campeão em 88, 90 e 91. Mas aquele Grande Prêmio que estava por vir... no dia
1º de maio de 1994...
o de San Marino, na Itália... no circuito de Ímola... justamente onde
ele já obtivera 3 vitórias e 7 poles seguidas (um recorde, até hoje)... não
estava indo muito bem. Na sexta-feira, Rubens Barrichello livrou-se da morte
devido à uma camada de pneus, quando sua Jordan deslizou na entrada da chicane
e decolou sobre a zebra. Por milagre, Rubinho teve apenas escoriações leves. No
sábado, o piloto austríaco Roland Ratzenberger perdeu o controle do seu carro e
bateu na curva Villeneuve, a 300 quilômetros por hora, vindo a falecer no
hospital. Senna foi ao local do
acidente, reclamando da falta de proteção. Ele e mais três pilotos se retiraram
do treino em respeito a Ratzenberger. No domingo, na sétima volta do Grande
Prêmio, na curva Tamburello, a barra de direção da Williams quebrou e o Brasil
pôde contemplar o mais trágico e lutuoso desastre automobilístico da sua
história.
Se
ele estivesse vivo, estaria completando, no próximo dia 21, 62 anos de idade,
rece-bendo homenagens de milhões de fãs em todo o mundo.
Antes
mesmo de morrer, ele já havia recomendado à irmã Viviane: precisamos fazer algo pelas crianças brasileiras... precisamos diminuir
as desigualdades sociais que provocam a pobreza e a fome. Foi a sua última
corrida. Hoje, o Instituto Ayrton Senna protege, ensina e alimenta mais de 2
milhões de alunos de 1.300 municípios em 25 estados do país.
Nesta
corrida sem fim, que tanto tem ajudado as crianças pobres brasileiras, Senna,
sem dúvida, será, para sempre, o grande vencedor.
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