1a. foto: Deodato, Ary Rodrigues e Epitácio Soares - 2a. foto: Deodato (auditório0
SAUDADES
As fotos acima, acompanhadas de áudios da antiga Rádio Borborema, numa montagem feita pelo meu filho Deodato (Mike Deodato, Jr.), despertaram, de repente, dentro de mim, recordações de uma época que passou, mas que fez parte da minha vida e ficou para sempre gravada em minha alma.
Elas
remontam ao início da década de sessenta, quando, no alvorecer dos meus vinte e
cinco aninhos, em plena juventude, portanto, como produtor da antiga Rádio
Borborema de Campina Grande, desdobrava-me na realização de um trabalho que
era, ao mesmo tempo, o meu sonho profissional, preparando uma programação para
a emissora mais importante daquela região paraibana.
Na
época, cabia ao rádio (já que a TV apenas engatinhava e não existia internet)
marcar presença em todos os eventos importantes, como carnaval, natal, ano
novo, aniversário da cidade e da emissora, etc. e tal. E cabia a mim, como chefe
de programação das emissoras associadas locais, produzir programas que
agradassem a todo tipo de ouvintes.
Para
a criançada e para os adolescentes de então foi que surgiu o seria-do “As
Aventuras do Flama”, que ia ao ar, de 2ª. â 6ª. Feira, às 13.00 horas, estendendo-se
por mais de de 2.200 capítulos, dando nome e força ao herói paraibano. Para os
adultos, programas variados, como “Bom Dia Para Você” (crônica diária, que ia
ao ar às 11.00 hs., sempre enaltecendo uma figura de alguém em destaque), “Encontro
com o passado” (programa diário, às 5 da manhã, feito com músicas antigas, com
legendas e atendimento aos ouvintes), “A Semana em Revista” (aos domingos, às
19.00 horas), “Epopéia do Samba” (às 20.00 horas, também aos domingos), “Teatro
do Outro Mundo” (Rádio-teatro, com peças fantasmagóricas, às 22.00 horas,
encerrando a programação domingueira), “O Cinema em Sua Casa” (filmes famosos
em rádio-teatro, com trilhas autênticas), “Patrulha da Cidade” (fazendo com a
bandidagem, mas sem deixar a peteca cair, de segunda a sábado, ao meio-dia), “Seu
Encrenquinha” (divertidas criticas, enfocando problemas da cidade, às 12.45
hs., diariamente) e “Linhas Cruzadas” (humorismo, envolvendo cenas do
cotidiano), tudo escrito e produzido com extrema, a fora as novelas que iam ao
ar no horário nobre, às 20 horas, de segunda a sábado, variando entre as de
minha autoria e as de Fernando Silveira, um verdadeiro gênio da dramaturgia,
com quem aprendi quase tudo o que sabia sobre rádio.
No
período carnavalesco, o bom mesmo era criar algumas marchinhas em cima de temas
de novela, como “Paixão de Cigano”, ou envolvendo o disse-me-disse sobre óvnis,
como é o caso do “Disco-Voador”, e deixar que intérpretes como Silvinha de
Alencar, Maria do Carmo, Vicente Andrade e tantos outros cantassem, sob a
regência do maestro Nilo Lima e sua orquestra Borborema.
A
fora tudo isso, ainda existiam os momentos especiais, como na sexta-feira
santa, quando eram transmitidas peças bíblicas devidamente radiofonizadas e com
interpretação impecável do nosso “cast” de rádio-teatro.
São
momentos que fizeram parte da minha vida e que preciso, de vez em quando,
relembrá-los, antes que os esqueça.
Clique e ouça os áudios da época.
Clique e ouça os áudios da época.
https://www.youtube.com/watch?v=EyDNffHjlz8&feature=player_embedded
E cadê a coragem para ouvir? Coisas assim me emocionam e fico com saudade da juventude!...
ResponderExcluirÉ bom lembrar o passado. Nos alegra a alma.
ResponderExcluirDeodato. Parabéns.
Que rara sensação ao identificar a minha voz entre os radiatores da Radio Borborema. Acho que foi gravado no ano 1963.
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