terça-feira, 2 de outubro de 2012

CRÔNICA DA SAUDADE - 02/10/2012


1a. foto: Deodato, Ary Rodrigues e Epitácio Soares - 2a. foto: Deodato (auditório0

SAUDADES

                As fotos acima, acompanhadas de áudios da antiga Rádio Borborema, numa montagem feita pelo meu filho Deodato (Mike Deodato, Jr.), despertaram, de repente, dentro de mim, recordações de uma época que passou, mas que fez parte da minha vida e ficou para sempre gravada em minha alma.


           Elas remontam ao início da década de sessenta, quando, no alvorecer dos meus vinte e cinco aninhos, em plena juventude, portanto, como produtor da antiga Rádio Borborema de Campina Grande, desdobrava-me na realização de um trabalho que era, ao mesmo tempo, o meu sonho profissional, preparando uma programação para a emissora mais importante daquela região paraibana.

               Na época, cabia ao rádio (já que a TV apenas engatinhava e não existia internet) marcar presença em todos os eventos importantes, como carnaval, natal, ano novo, aniversário da cidade e da emissora, etc. e tal. E cabia a mim, como chefe de programação das emissoras associadas locais, produzir programas que agradassem a todo tipo de ouvintes.

            Para a criançada e para os adolescentes de então foi que surgiu o seria-do “As Aventuras do Flama”, que ia ao ar, de 2ª. â 6ª. Feira, às 13.00 horas, estendendo-se por mais de de 2.200 capítulos, dando nome e força ao herói paraibano. Para os adultos, programas variados, como “Bom Dia Para Você” (crônica diária, que ia ao ar às 11.00 hs., sempre enaltecendo uma figura de alguém em destaque), “Encontro com o passado” (programa diário, às 5 da manhã, feito com músicas antigas, com legendas e atendimento aos ouvintes), “A Semana em Revista” (aos domingos, às 19.00 horas), “Epopéia do Samba” (às 20.00 horas, também aos domingos), “Teatro do Outro Mundo” (Rádio-teatro, com peças fantasmagóricas, às 22.00 horas, encerrando a programação domingueira), “O Cinema em Sua Casa” (filmes famosos em rádio-teatro, com trilhas autênticas), “Patrulha da Cidade” (fazendo com a bandidagem, mas sem deixar a peteca cair, de segunda a sábado, ao meio-dia), “Seu Encrenquinha” (divertidas criticas, enfocando problemas da cidade, às 12.45 hs., diariamente) e “Linhas Cruzadas” (humorismo, envolvendo cenas do cotidiano), tudo escrito e produzido com extrema, a fora as novelas que iam ao ar no horário nobre, às 20 horas, de segunda a sábado, variando entre as de minha autoria e as de Fernando Silveira, um verdadeiro gênio da dramaturgia, com quem aprendi quase tudo o que sabia sobre rádio.

             No período carnavalesco, o bom mesmo era criar algumas marchinhas em cima de temas de novela, como “Paixão de Cigano”, ou envolvendo o disse-me-disse sobre óvnis, como é o caso do “Disco-Voador”, e deixar que intérpretes como Silvinha de Alencar, Maria do Carmo, Vicente Andrade e tantos outros cantassem, sob a regência do maestro Nilo Lima e sua orquestra Borborema.

                  A fora tudo isso, ainda existiam os momentos especiais, como na sexta-feira santa, quando eram transmitidas peças bíblicas devidamente radiofonizadas e com interpretação impecável do nosso “cast” de rádio-teatro.

                  São momentos que fizeram parte da minha vida e que preciso, de vez em quando, relembrá-los, antes que os esqueça.   

                    Clique e ouça os áudios da época.
                                      
  https://www.youtube.com/watch?v=EyDNffHjlz8&feature=player_embedded                 

3 comentários:

  1. E cadê a coragem para ouvir? Coisas assim me emocionam e fico com saudade da juventude!...

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  2. É bom lembrar o passado. Nos alegra a alma.
    Deodato. Parabéns.

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  3. Que rara sensação ao identificar a minha voz entre os radiatores da Radio Borborema. Acho que foi gravado no ano 1963.

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