quarta-feira, 14 de julho de 2010

CRÔNICA DA SAUDADE – 14/07/2010

AS AVENTURAS DO FLAMA

No início dos anos sessenta, como Diretor Artístico da Rádio Borborema de Campina Grande, tinha, dentre outras responsabilidades que o cargo exigia, o cuidado de manter a programação da emissora dentro de um determinado nível de audiência, que era o que determinava, sem dúvida, o sucesso das suas grandes promoções em todas as áreas, envolvendo jornalismo, futebol, show artístico e novela radiofônica.

Em se tratando de audiência, as novelas das quatro (no “Vesperal das Moças”) e das oito (no chamado horário nobre) davam um verdadeiro show, com quase a totalidade dos ouvintes da região em sintonia com a famosa ZYO-7.

Numa das pesquisas realizadas, no entanto, a Rádio Jornal do Comércio do Recife, com suas ondas curtas e médias (“Pernambuco falando para o mundo”), apareceu com um excelente nível de audiência, graças a um novo seriado radiofônico, produzido no Rio, denominado “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, e que estava sendo transmitido naquele horário.

Para recuperar a audiência do horário, não existia outra saída: os primeiros capítulos de “As Aventuras do Flama” logo foram escritos, começaram a ser ensaiados e em pouco tempo foram levados ao ar, de segunda à sexta-feira, às 13.00 horas, alcançando um sucesso sem precedentes em toda a cidade.

Aquela atração, lançada ao ar, assim, tão de repente, transformou-se, da noite para o dia, num estrondoso show de audiência, não se falando em outra coisa em toda parte, senão nas aventuras do Flama e de toda a sua turma, envolvendo o seu inseparável amigo Zico, a sua noiva Eliana, o engraçado Bolão, o comissário Laurence e toda uma terrível e ameaçadora corja de super-vilões.

O sucesso do herói era tão grande, que foi criado o “Clube do Agente Secreto do Flama”, com a distribuição de milhares de carteirinhas, que identificavam cada um dos agentes, facilitando o seu acesso ao auditório da Rádio Borborema, aos sábados, à tarde, quando eram realizadas as famosas reuniões, com a participação de todo o elenco e farta distribuição de brindes com os presentes.

Como a editora Globo, à época, resolveu publicar a revista “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, em quadrinhos, resolvi não dar por menos e comecei a desenhar uma revista similar, com novas aventuras do Flama, cujos clichês foram confeccionados no Diário da Borborema, jornal da mesma empresa, tendo a impressão sido feita na Gráfica Júlio Costa, instalada num prédio vizinho.

Imaginem a alegria e o entusiasmo da garotada, que ouviam, diariamente, as aventuras do seu herói, tendo,agora, nas mãos, uma revista em quadrinhos, com desenhos e comentários sobre tudo o que acontecia no seriado radiofônico !

Mesmo “sem querer, querendo”, “As Aventuras do Flama” foi o primeiro seriado radiofônico da Paraíba e a revista em quadrinhos do herói foi a pioneira em circulação no norte e nordeste do Brasil.

Aquilo que se faz com amor e emoção tem tudo para se perpetuar em nossas vidas, marcando momentos e definindo caminhos.


Capa da revista nº 01. O Flama (Deodato/Deodato Filho)

6 comentários:

  1. Deodato, as aventuras do Flama foram uma das coisas mais importantes da minha infância em Campina. Eu e minha irmã Clotilde esperávamos com impaciência todos os dias, e ouvíamos com fascinação. Tive carteirinha de sócio, colecionei embalagem dos drops Dulcora, tive foto do Flama junto com Zito (era Zito ou Zico?). Muito tempo depois, década de 1990, no Rio ou em São Paulo, as pessoas vinham me falar de um desenhista de ficção científica paraibano chamado Deodato Filho. E eu dizia: "Rapaz, vocês só estão sabendo a metade da história". E falava no Flama.

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  2. Bráulio e Clotilde: Por mais conversa que a gente tenha jogado fora, eu e Nilo jamais poderiámos imaginar que, um dia, nossos filhos se encontrariam, revivendo uma amizade que, ainda hoje, costuma me deixar saudoso. São coisas da vida que fazem parte da nossa história e que jamais serão esquecidas.

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    1. Alguma chance de eu conseguir algum dos históricos gibis de As Aventuras do Flama?
      Sei que deve ser bem caro, se achar.

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  3. Também fui ouvinte assíduo das Aventuras do Flama, e fui o sócio de número 14 do Clube do Agente secreto, por causa disso o meu apelido no Colégio Anita Cabral, onde cursava a 1ª série ginasial, era.... FLAMA.
    rsrsrsrs
    Um grande abraço, e agradeço por me lembrar desse tempo bom!

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  4. Aconteceu algo que ficou na memória dos que viveram a época do FLAMA, eu tinha pouco mais de 14 ou 15 anos e la em casa papai criava um macaco prego, então eu associei o mesmo como AGENTE SECRETO DO FLAMA. Quando tudo veio a tona fui convidado a levar o macaco no programa no auditorio da Radio Borborema. Foi o maior sucesso. BADU.

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