quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - 19/11/2001



PRESENÇA DE AUGUSTO


      Não há como separar o poeta da sua terra natal. Por mais que ele tenha vivido no sul do país, a sua história, como a sua sombra, teria de ficar aqui.

      Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu logo ali, em Cruz do Espírito Santo, no dia 20 de abril de 1884, filho de Alexandre Rodrigues dos Anjos e de Sinhá Mocinha – dona Córdula de Carvalho Rodrigues dos Anjos. A partir daí, a vida do maior poeta brasileiro é uma presença constante e marcante na história de João Pessoa. Em 1900, começa a estudar no Lyceu Paraibano e escreve o seu primeiro soneto: “Saudade”. Em 1901 passa a colaborar com o jornal O Comércio, da capital, onde publica vários sonetos que haveriam de fazer parte do livro Eu e outras poesias.

       Muitas são as datas determinantes em sua vida que o tornaram cada vez mais ligado à esta cidade. Em 1905, amargurou a morte do dr. Alexandre, seu pai. Em 1907 concluiu o curso de Direito no Recife e, no ano seguinte, transferiu-se para João Pessoa, onde passou a dar aulas particulares. Neste mesmo ano, morreu Aprígio Pessoa de Melo, padrasto de sua mãe e patriarca da família, deixando o Engenho Pau Darco em grave situação financeira. Augusto passou a lecionar no Instituto Maciel Pinheiro e foi nomeado professor do Lyceu Paraibano. Os leitores do jornal A União já começavam a se encantar com os sonetos publicados por Augusto. Foi assim com o soneto Budismo Moderno e numerosos outros poemas. No Teatro Santa Roza, nas comemorações do 13 de maio, chocou a platéia com suas palavras aparentemente sem nexo e bizarras. Publicou ainda, em A União, os sonetos Mistério de um fósforo e Noite de um Visionário. Aqui mesmo, casou-se com Éster Fialho. Sua família vende o Engenho Pau Darco e ele, sem conseguir licenciar-se do Lyceu, demite-se e embarca com a mulher para o Rio de Janeiro. Em 1911, Augusto é nomeado professor de Geografia, Corografia e Cosmografia do Ginásio Nacional – atual Colégio Pedro II. Nasce sua filha Gloria. Colabora no jornal O Estado e dá aulas na Escola Normal. Augusto e seu irmão Odilon custeiam a impressão de 1.000 exemplares do livro Eu. A crítica o recebe ao mesmo tempo com aplauso e repulsa.  Nasce seu filho Guilherme Augusto. Em 1914 publica O Lamento das Coisas na Gazeta de Leopoldina, dirigida por seu concunhado Rômulo Pacheco. É nomeado diretor do Grupo Escolar de Leopoldina, para onde se transfere. Doente desde o dia 30 de outubro, faleceu às 4 horas da madrugada do dia 12 de novembro, de pneumonia, aos 30 anos de idade.

        Fiz questão de contar a história da vida de Augusto dos Anjos com a mesma rapidez que ele impôs à sua passagem entre nós.

        Mas ficou patente que ele não tem como fugir das suas profundas raízes com a Paraíba: como todo bom escritor paraibano, estudou no Lyceu, publicou versos em A União e jamais será esquecido pelo seu povo.

        Vida breve... presença eterna.

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