O CARNAVAL DE CADA UM
Fevereiro, quase sempre, é feito de carnaval.
Não existe uma só pessoa – mesmo
aquelas que não sejam muito ligadas às folias carnavalescas -, que não tenha,
ao longo de sua vida – especialmente nos seus tempos de juventude - algumas
histórias para contar, nascidas ao sabor do período carnavalesco.
O
carnaval do passado ficou preso às minhas lembranças, graças aos vesperais do
Aliança Clube 31, em Campina Grande... ao desfile de blocos e ao corso festivo
na rua Maciel Pinheiro... ao divertido bloco da A-la-Ursa... do lança-perfume,
sempre usado para perfumar as jovens sorridentes... de todas aquelas alegrias
que tomaram conta da nossa mocidade.
Logo
após, vieram os felizes anos sessenta... lá em Recife, levando a Rádio Clube
para as ruas da cidade do frevo... para ver e ouvir o carnaval de Olinda
surgindo diante da minha casa, ali, na Getúlio Vargas... os blocos passando com
suas orquestras de frevo... os bonecos de Olinda... o bloco dos garçons – que
saia na quarta-feira de cinzas e que logo se transformou no famoso
Galo-da-Madrugada. Carnaval naquele tempo era com a Rádio Clube ! Na direção
artística da emissora, quem estava lá ? O carnaval do Recife em pessoa: o
maestro Nelson Ferreira... meu amigo Nelson... vibrando com cada carnaval
pernambucano, como se fosse o último de sua vida !
São
essas as imagens que me dominam à cada carnaval, reacendendo lembranças,
através de uma marchinha antiga tocada numa rádio qualquer. Seja qual for a
cidade onde esteja, as recordações vão chegando, todos os anos, uma por uma...
às vezes vão até a Marquês do Sapucaí, no Rio, com o desfile da Mangueira
arrancando mais uma nota 10... outras vezes, desaguam na Praça Castro Alves, em
Salvador, sem trio elétrico ainda, mas tomada por milhares de pessoas... a
gente achando graça em Dodô e Osmar, fazendo barulho com aquele carro cheio de
alto-falantes, de onde nasceriam os famosos trios-elétricos... São lembranças
mais antigas ainda, que estão aqui, em João Pessoa, na rua Direita (ou devo
dizer Duque de Caxias ?), onde acontecia um corso de automóveis como não
existia igual em todo o país... com centenas e centenas de carros desfilando,
decorados, repletos de pessoas fantasiadas... uma única e festiva alegria ao
longo do trajeto... com as orquestras de frevo tocando... com o povo feliz,
jogando serpentinas e confetes para o alto... com o perfume das lanças Rodouro
incensando a todos.
Os
carnavais de ontem deixaram muitas lembranças na vida de cada um dos que ainda
se emocionam com a marchinha de Zé Kéti: “Quanto riso, ó, quanta alegria, mais
de mil palhaços no salão...”
Tem
muito palhaço e colombina ainda chorando todos os carnavais que passaram.
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