A MARCA DO ZORRO
No início dos anos 40 – menino ainda, desses que adoram ir ao cinema e
jogar bola de gude – lembro-me ter assistido, numa das matinais dominicais do
cine Plaza, um filme de aventura que se tornaria marcante no gênero, tanto que
o personagem principal da história logo se tornaria um herói das
historias-em-quadrinhos, admirado em todo o mundo. Refiro-me ao filme A Marca do Zorro, refilmagem de um
clássico do cinema, tendo o lendário Tyrone Power no papel do destemido
vingador mascarado que, sozinho, salva Los Angeles dos déspotas espanhóis. Com
sua espada justiceira, Don Diego de La Veja, disfarçado de Zorro, vestido de
preto e usando más-cara, enfrentava o tirano espanhol, deixando, nos corpos dos
criminosos que tentavam enfrentá-lo, a sua marca famosa – o Z de Zorro, feito com a sua espada.
Todas essas
lembranças me vieram à mente quando, na manhã de hoje, tive que ir à uma
clínica veterinária, levando, no meu carro, com minha esposa, um cachorro muito
querido e que andava meio adoentado – tendo apresentado, desde ontem, numa das
pernas, um problema sério (que a gente pensava tratar-se de um simples
ferimento, proveniente das fraquezas naturais da idade, já que iria completar
14 anos no próximo dia 21 de abril), mas que, exposto ao raio X, mostrou-se terrível:
um câncer, em estado avançado, que só lhe garantiria, a partir dali, um sofri-mento
intenso até o desfecho anunciado.
Para quem
convive com animais, a gente nem precisa explicar a dor da sentença do médico
veterinário de que o nosso Zorro
teria de ser sacrificado, evitando,
com esse gesto, momentos de muito sofrimento para todos, bem maiores do que a
dor que a gente já vinha sentindo, há oito dias, ouvindo os seus gemidos de dor.
Ao longo
desses 13 anos de convivência, Zorro
foi muito mais do que um simples cachorro. Desde em que fomos buscá-lo - eu, minha
mulher e Bruno, meu filho de criação, que o recebera de presente – o boxer, pequenininho, traquinas, correndo
para um lado e para outro, já mostrava os dentes, fazia graças e anunciava
todas as alegrias que nos daria a partir daquele momento.
As pessoas
que convivem com animais, especialmente caninos, sabem muito bem o que estamos
tentando explicar: quando, ao sacrificar o nosso Zorro, visando evitar um sofri-mento maior para todos, optamos pelo
sacrifício, ninguém pode sequer imaginar
qual a tristeza que nos invade, quando cão, devidamente dopado, de olhos fixos
nos seus donos, vai, aos poucos, perdendo as forças, até que, com um suspiro,
fecha os olhos e deixa de respirar, partindo para um sono eterno, do qual não
voltará jamais.
Ao voltar
para casa, o ambiente já não era o mesmo, já que o canil estava vazio e o
quintal, os jardins, as terras onde ele se revolvia, feliz da vida – nada do
que estava ali parecia do mesmo jeito que antes.
Também tenho um cachorro que entrou a força em minha vida e da minha família...chegou doente com sinomose, cuidei dele ele, escapou e ficou com seqüelas, meio paralisado do lado direito... já tomou um espaço no meu coração, isto me lembra uma estória:
ResponderExcluirCerto dia, o cachorro da família morreu de velhinho. Dai os adultos todos se perguntando por que os cachorros viviam tão pouco, sem saber como explicar para a criança por que o cachorro havia morrido. Depois de uns minutos a criança responde: Nós humanos, antes de morrer, precisamos aprender a amar o próximo, perdoar e ser fiel, os cachorros ja nascem sabendo, por isso eles não precisam viver tanto.
Augusto