quinta-feira, 22 de março de 2012

CRÔNICA DA SAUDADE - março 2012

                                                                             

                O MENINO CECÉU

 
                   A música, como a poesia, sempre exerceram forte influência sobre a minha vida, fazendo surgir os meus ídolos e as minhas musas, determinando os caminhos literários que devia seguir, ora tentando compor alguma coisa ao som de uma melodia, ora transformando em versos algumas idéias que me chegavam á cabeça e que me pareciam, a priori, interessantes.

                     Dos poetas brasileiros – afora Augusto dos Anjos que é um caso à parte de amor sem limites – sempre morri de amores pela poesia fascinante de Castro Alves, o mais genial versejador do nosso romantismo, que teve uma vida tão breve quanto eterna e imortal foi a sua obra.

                     Foi na manhã do dia 14 de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, na cidade de Curralinho, no sertão da Bahia, que nasceu Antonio Frederico de Castro Alves, o menino Cecéu – apelido carinhoso que o acompanhou por toda a infância, identificando os parentes mais chegados e os verdadeiros amigos.  Em 1854, menino ainda, com apenas 7 anos, foi morar, com a família, em Salvador. Adolescente, sua poesia já ecoava no Ginásio Baiano, mostrando toda a força dos seus versos. Aos 16 anos, já faz sucesso no Recife com a publicação de seus poemas nos jornais locais. Nessa época, já começa a despertar a sua grande paixão pela atriz portuguesa Eugênia Câmara, musa dos poemas Meu Segredo e Pesadelo, assim como de parte de sua poesia lírica que, ao exaltar o amor sensual, ultrapassa a visão sublimada, própria dos românticos. Mas foi a partir do seu ingresso na Faculdade de Direito do Recife que o nosso Castro Alves deixou de ser um poeta iniciante para ser um poeta maior, engajando-se decisivamente na lua política, fundando, com um grupo de amigos, uma sociedade abolicionista, escrevendo poemas em favor do movimento republicano e lançando o jornal A Luz, voltado para a discussão de idéias, onde publicou, A Canção do Africano e Mocidade e Morte.

                       Quem despertou no poeta o entusiasmo pelo teatro foi Eugenia Câmara, já que os dois – ela e Castro Alves - encenaram, em Salvador, onde passaram a residir, em 1867, a peça Gonzaga, um sucesso que o consagrou na área teatral. Neste mesmo ano, no entanto – como se sentisse que tinha que aproveitar inteiramente todos os dias de sua curta existência – Castro Alves foi ao Rio, onde conheceu José de Alencar e Machado de Assis, passando a freqüentar as rodas intelectuais da época. Em São Paulo, onde resolveu continuar o curso de direito, fez grande sucesso nos teatros paulistanos, ao declamar poemas como Vozes d’África e Navio Negreiro. Tuberculoso, voltou à Bahia, onde lançou o livro Espumas Flutuantes, em 1870.

                     Na manhã do dia seis de junho de 1871, na mesma fazenda Cabaceiras da sua infância, o menino Cecéu, o poeta dos escravos, fechou os olhos para a vida, aos 24 anos de idade, na plena efervescência da sua genialidade, e foi morar lá no céu. 

                          Deus, ó Deus, onde estás que não respondes ?    

                           http://www.youtube.com/watch?v=IPbetX97Q_8                                                         

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