SETENTÕES
Se você, todos os dias, no
Brasil de hoje, decidir-se por comentar uma notícia que realmente nos interesse
e que valha a pena perder o nosso precioso tempo com um único e determinado
assunto, saiba que, em meio aos
julgamentos de mensalões e outros fátos que a gente já sabe que
não vão dar em nada, compensamos tudo isso quando lemos ou ouvimos que Caetano
Veloso e Milton Nascimento acabam de entrar pro clube dos setentões.
Caetano teve o seu
ingresso no clube anunciado no dia de ôntem, 7 de agosto, data do seu
nascimento, em 1942, lá em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e Milton Nascimento,
que também nasceu no mesmo ano, só que no dia 26 de outubro, no Rio, mas que já
está pronto para assumir o seu lugar ao lado do parceiro e amigo.
Os dois novos setentões
mal podem acreditar que continuam os mesmos de antigamente, como se o tempo
não tivesse passado, já que persistem firmes em seus ideais, usando, como
sempre, a inteligência e a criatividade para criar novas melodias,
interpretando-as com a mesma genialidade, como se o ontem e o hoje fossem um
só tempo.
Quem diria que aquele
menino raquítico, que aprendeu a tocar violão logo cedo, em Salvador, e ao acompanhar a sua irmã mais nova, a
cantora Maria Bethânia, em suas apresentações por todo o Brasil, com o
espetáculo “Opinião”, acabou gravando seu primeiro compacto - “Cavaleiro/ Samba em Paz” -, em 1965.
A partir daí, já tendo
feito amizade com Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, participou de festivais e
compôs trilhas sonoras de alguns filmes, gravando, em 1967, seu primeiro LP – “Domingo”
- e, no ano seguinte, lidera o movimento
chamado Tropicalismo, que renovou o
cenário musical brasileiro, ao gravar o disco “Tropicália ou Panis et Circenses”,
ao lado de vários músicos. Em 1968, em plena ditadura militar, lança o hino “É proibido proibir” no III Festival
Internacional da Canção. No ano seguinte, é preso pelo regime militar e parte
para um exílio político em Londres, só retornando ao país em 1972, quando voltou
à sua vida normal, tornando-se um dos artistas brasileiros mais influentes em
todos os tempos.
Já o Bituca, o Milton Nascimento, é filho de Maria Nascimento, uma empregada
doméstica muito humilde, que foi mãe solteira, mas registrou o filho e o levou para
a casa dos patrões. Ao ser demitida, notou que não tinha condições de criar o
garoto, tamanha era a miséria em que vivia, e o entregou à um casal para
criá-lo. A mãe adotiva, Lilian Silva Campos, era professora de música, e o pai,
Josino Campos, era dono de uma emissora de rádio.
Hoje, o talento de Milton
Nascimento é reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos
cantores e compositores da música popular brasileira, sendo reverenciado também
na sua terra natal, graças às músicas de sua autoria que o nosso povo jamais conseguiu
esquecer.
Milton e Caetano... dois
gênios da nossa música popular... dois setentões que recebem do povo uma
merecida consagração... dois gênios que o Brasil espera festejar, algum dia, o
centenário de ambos.
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