A notícia: Em 2013, os vereadores de João Pessoa vão ter um aumento de
61,6% nos seus subsídios. Os novos valores foram publicados no Semanário
Oficial do Município, edição de 22 a 28 de julho. Atualmente, os vereadores recebem
R$ 9.280 de subsídios. Com o novo reajuste, os que assumirem a partir de 1º de
janeiro do próximo ano, passarão a ganhar R$ 15 mil. Já o presidente da Câmara
perceberá R$ 19.500.
Nosso
comentário:
OS SALÁRIOS DOS ELEITOS
Toda vez que o poderes executivo ou legislativo concedem a si mesmo
um aumento de salário (quase sempre bem acima daquilo que eles merecem),
ocorre uma verdadeira revolta popular em todo o país e, se se tratar de uma
câmara de vereadores, em todo o município, como acaba de ocorrer, agora, em
João Pessoa.
Por
puro exagero (se houver comparação com as classes trabalhadoras de todo o
Brasil), os vereadores pessoenses deixarão de ganhar, a partir de 1º de
janeiro do próximo ano, 15 mil reais em vez dos ínfimos quase dez mil reais que
já recebem, com direito à férias e folgas quando assim desejam. Isso sem falar
no presidente da Câmara, que passará a receber quase 20 mil reais.
O que
causa revolta no aumento de mais de 60 por cento, conseguido, deste modo, sem nenhum
bate-boca e sem fazer uso do direito de greve, paralisando praticamente o país
inteiro, como ocorre, agora, com milhares de funcionários federais, é a
facilidade com que os eleitos decidem o percentual que será utilizado em favor
de si mesmos.
Em
2002, ao ser eleito deputado federal, Ronaldo Cunha Lima, ante uma situação
muito parecida, confidenciou ao seu assessor e amigo: já preparei um decreto, que
vai ser levado à discussão na Câmara, que acabará, de uma vez por todas, com
essas situações esdrúxulas que ocorrem em todo o país, com os próprios eleitos
determinando quanto serão seus aumentos salariais.
A
coisa seria o seguinte, explicou Ronaldo: todos os salários da cúpula dos
governos federais, estaduais e municipais, a começar pelo Presidente da
República, Governador de Estado e Prefeito de município, passando por
senadores, deputados e juízes de todos os níveis, terão os seus subsídios em
salários mínimos. Quer dizer: um Presidente da República passaria a perceber,
mensalmente, 40 salários mínimos, um Governador, 32, um senador, 35... e assim
por diante. Todos os subsídios seriam pagos em salários mínimos.
Com a
aprovação do decreto, a Câmara e o Senado continuariam com a responsabilidade
de aumentar o salário de todos, só que, para tanto, os deputados e senadores
deveriam estar em consonância com o Governo Federal, já que teriam que teriam
de aumentar, em primeiro lugar, o salário mínimo do trabalhador brasileiro.
Em
outras palavras: os eleitos querem aumento salarial, pois acham que estão
ganhando pouco e não podem continuar trabalhando em troca de uma miséria
?
Não
teria problema: bastaria aumentar o salário mínimo do trabalhador.
Ronaldo,
meses depois, disse que a proposta foi apresentada aos seus pares e,
logicamente, engavetada.
Agora,
lá no céu, só se ele falar com Deus prá resolver o problema.
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