“SEU” CABRAL E O TEATRO
Campina Grande festejou, no último
dia 30 de novembro, o quadragéssimo oitavo aniversário de fundação da sua maior
marca cultural: o Teatro Municipal Severino Cabral.
Como
sempre acontece, todos os anos, no mês de novembro, muitas festividades ocorrem
no palco daquela casa de espetáculos, que tem sido, ao longo do tempo, desde a
sua inauguração, uma fonte de inspiração para a criação de não sei quantos
eventos de repercussão nacional, como é o caso do Festival de Inverno – sem
dúvida, o mais conhecido de todos.
Em
1962, o prefeito Severino Cabral – ou simplesmente “seu” Cabral, como era mais
conhecido – estava em dúvida quanto a obra que deveria construir no último ano
da sua administração. Seus principais assessores tinham colocado em sua mesa,
para apreciação, dois grandes projetos. Um deles – e o mais badalado – era um
viaduto que seria construído na Floriano Peixoto, na confluência com a Cardoso
Vieira, dando, àquela época, ares de modernidade à Rainha da Borborema. Viaduto
Severino Cabral – pelo jeito, “seu” Cabral tinha gostado da idéia. O outro, era
o projeto de um teatro, que preencheria uma lacuna existente na cidade.
Qualquer uma das realizações, daria, sem dúvida, ao prefeito, o aval e o aplauso
do povo campinense.
Sendo
assessor de imprensa de “seu” Cabral e tendo notado um ar de aprovação no seu
rosto ao contemplar o projeto do viaduto, tratei de reunir os intelectuais da
casa para um contra-ataque em defesa do teatro. Na chefia da Casa Civil, estava
o poeta e escritor Figueiredo Agra – irmão da professora Elizabeth Marinheiro.
Na Comunicação, lá estava o jornalista Epitácio Soares, cronista dos melhores.
Juntamos outros tantos nomes e começamos a cercar o prefeito por todos os
lados, mostrando a importância do teatro
para o desenvolvimento cultural da cidade.
Embora
não fosse muito ligado às letras e às artes, “Seu” Cabral, que pouco sabia ler
e escrever, era um dos administradores mais notáveis que conheci, tendo sido,
por isso mesmo, um político imbatível em memoráveis campanhas eleitorais.
Ao entrar no
seu gabinete, no entanto, ele já sabia o que seria melhor para o povo e
anunciou:
- Vamos
começar a construir o nosso teatro !
E
foi assim que o prefeito, considerado por muitos como inculto, construiu, em
Campina, a maior oficina cultural da cidade, cuja inauguração, em 1963, há
quarenta e sete anos atrás, foi a alavanca que faltava para acelerar o
progresso da maior cidade do interior nordestino.
“Seu”
Cabral não era homem de leitura, mas via longe... via além da pedra e do cal das
obras de engenharia... via, por cima de tudo isso, a força cultural do povo de
Campina Grande .
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