quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CRÔNICA DA SAUDADE - 16/09/10


MANTOVANI E SUA MÚSICA

Acredito que existam outras pessoas que amaram, como eu, durante toda a vida, a música e a obra do grande maestro Mantovani, assim como é possível que muitos, dentre os quais me incluo, jamais tenham se interessado, nem por um momento, em saber, pelo menos, como era o nome completo daquele homem que trouxera todo o encanto das grandes orquestras – especialmente das orquestras de cordas – para as nossas horas de paz e lazer.

Nascido em Veneza, na Itália, no dia 15 de novembro de 1905, Annunzio Paolo Mantovani era filho de um professor de música de dois conservatórios italianos, que tocou sob a batuta de Massagni e Toscanini e que, por serviços prestados ao governo, foi feito Cavalheiro pelo Rei de Portugal. Quando se encontrava na Inglaterra, em 1912, com uma companhia lírica italiana, teve início a primeira guerra mundial e seu pai, impossibilitado de retornar à pátria, teve que se fixar em Londres com a família, quando Mantovani tinha apenas 7 anos. Mantovani, aos 14 anos, já iniciava os seus estudos de violino e, dois anos mais tarde, já era um músico profissional. Embora seus programas de rádio tenham começado com o seu quinteto, foi com a Típica Orquestra, formada em 1930, que o nome de Mantovani se tornou famoso.

Até os anos 70, eu e muitos outros da minha geração, crescemos, certamente, ouvindo a música de Mantovani, que nos educava o espírito e nos fazia sentir o verdadeiro fascínio da música orquestrada, especialmente aquelas que chegavam aos nossos ouvidos junto com as imagens de um filme que jamais seria esquecido.

Como esquecer os acordes marcantes das músicas que se tornaram famosas em todo o mundo, graças à performance de Mantovani e sua orquestra ? Como esquecer A Lenda da Montanha de Cristal ? E o Tema de Lara, do imortal Dr. Jivago ? E as músicas que marcaram Goldfinger, do 007; toda a imponência de Bem Hur; todo o encanto de Lawrence da Arábia; e as lembranças que ficaram com Zorba, o grego ? Como vamos lembrar o filme Nunca aos Domingos sem a música de Mantovani ? E a trilha inesquecível de Se Meu Apartamento Falasse ? E aquele Moon River que não nos sai da lembrança, tema do filme Bonequinha de Luxo ?

Tudo isso me veio à memória quando resolvi, depois de tantos anos, conhecer mais de perto o maestro que sempre fez parte dos meus sonhos musicais, pois foi sòmente hoje, depois de tanto vibrar com a música de Mantovani, é que fui apresentado ao cidadão Annunzio Paulo Mantovani, que deixou a batuta, desta grande orquestra que é a vida, no dia 29 de março de 1980, quando veio a falecer.

O Mantovani da orquestra... o maestro... o que fez história dando vida às mais belas páginas da música popular universal... este, sem dúvida, vai ficar para a eternidade, recebendo sempre os aplausos do seu grande público.

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