A Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, foi, por muito tempo – especialmente nos anos 50 – um verdadeiro ícone do meio de comunicação perfeito, chegando com rapidez e interatividade, a milhões de ouvintes espalhados por todo o imenso território brasileiro, criando ídolos e modismos, fomentando idéias e alicerçando dogmas, como ocorre, hoje, com as redes de televisão.
Assim como aprendemos a ouvir as vozes famosas de Heron Domingues (com seu Repórter Esso), de César Ladeira e suas crônicas românticas, de Júlio Lousada (e sua Oração da Ave Maria), de César de Alencar (com seus programas dominicais), de Ary Barroso (com seus calouros na “Hora do Pato”), de Paulo Gracindo e de Carlos Frias, aprendemos, também, a aplaudir os artistas que a emissora costumava divulgar, como Francisco Alves, o Rei da Voz; Orlando Silva, o cantor das multidões (com seu programa semanal, ao meio-dia), Emilinha Borba e Marlene (com seus atuantes fãs-clubes) e tantos outros nomes famosos que a Nacional incluiu no dia-a-dia do nosso povo, de norte a sul do país, através de uma audiência jamais superada.
Como o rádio não conseguiu se organizar em redes, as grandes emissoras, isoladas, foram, aos poucos, perdendo o prestígio que, ao longo dos anos, haviam conquistado em todo o país. Ano após ano, as emissoras do Rio e São Paulo, como a Nacional – principalmente -, a Tupi, a Tamoio, a Record, a Jornal do Brasil e tantos outras,foram desaparecendo de nossas vidas, pois já não eram sintonizadas além dos seus estados.
Tudo isso me vem à lembrança, quando li, num jornal do Rio, logo no início do Governo Lula, que os funcionários da Rádio Nacional lamentavam a decisão da Presidência de desativar a emissora, agora de forma definitiva, e encerrar suas atividades.
Em termos de memória, foi mais uma tragédia nacional.
O Brasil que votou em Lula não merecia mais esta.
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