terça-feira, 9 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 09/04/2013

                             
                                                                   

                                            AS AVENTURAS DO FLAMA

           No início dos anos sessenta, como Diretor Artístico da antiga Rádio Borborema de Campina Grande, tinha, dentre outras responsabilidades que o cargo exigia, o cuidado de manter a programação da emissora dentro de um determinado nível de audiência, que era o que determinava, sem dúvida, o sucesso das suas grandes promoções em todas as áreas, envolvendo jornalismo, futebol, show artístico e novela radiofônica.
              Em se tratando de audiência, as novelas das quatro (no “Vesperal das Moças”) e das oito (no chamado horário nobre) davam um verdadeiro show, com quase a totalidade dos ouvintes da região em sintonia com a famosa ZYO-7.
              Numa das pesquisas realizadas, à época, a Rádio Jornal do Comércio do Recife, com suas ondas curtas e médias (“Pernambuco falando para o mundo”), apareceu com um excelente nível de audiência, graças a um novo seriado radiofônico, produzido no Rio, denominado “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, e que estava sendo transmitido naquele horário.
          Para recuperar a audiência do horário, não existia outra saída: os primeiros capítulos de “As Aventuras do Flama” logo foram escritos, começaram a ser ensaiados e, em pouco tempo, foram levados ao ar, de segunda à sexta-feira, às 13.00 horas, alcançando, inesperadamente, um sucesso sem precedentes em toda a cidade.
                Aquela atração, no entanto, lançada, assim, tão de repente, transformou-se, da noite para o dia, num estrondoso show de audiência, não se falando em outra coisa em toda parte, senão nas aventuras do Flama (cujo personagem era vivido por mim mesmo) e de toda a sua turma, envolvendo o seu inseparável amigo Zico (interpretado por Benjamim Bley), a sua noiva Eliana (Edileusa Siqueira), o engraçado Bolão (Valmir Chaves), o comissário Laurence (Ezequias Bernardo) e toda uma terrível e ameaçadora corja de super-vilões.
             O sucesso do herói era tão grande, à época, que foi criado o “Clube do Agente Secreto do Flama”, com a distribuição de milhares de carteirinhas, que identificavam cada um dos agentes, facilitando o seu acesso gratuito ao auditório da Rádio Borborema, aos sábados, à tarde, quando eram realizadas as famosas reuniões, com a participação de todo o elenco e farta distribuição de brindes com os presentes.
                   Como a editora Globo, à época, resolveu publicar a revista “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, em quadrinhos, resolvi não dar por menos e comecei a desenhar uma revista similar, com novas aventuras do Flama, cujos clichês foram confeccionados no Diário da Borborema, jornal da mesma empresa, tendo a impressão sido feita na Gráfica Júlio Costa, instalada num prédio vizinho.
                    Imaginem a alegria e o entusiasmo da garotada, que ouviam, diariamente, as aventuras do seu herói, tendo, agora, às mãos, uma revista em quadrinhos, com desenhos e comentários sobre tudo o que acontecia no seriado radiofônico !
                E foi assim,  “sem querer, querendo”, que “As Aventuras do Flama” se transformaram no primeiro seriado radiofônico da Paraíba e o gibi do herói passou prá história da nossa imprensa como a primeira revista-em-quadrinhos publicada no norte e nordeste do Brasil.
                 Tudo aquilo que se faz com amor e emoção tem tudo para se perpetuar em nossas vidas, marcando momentos e definindo caminhos.
                     
                        Clique e ouça um episódio do Flama: 

                       http://manneh.podomatic.com/entry/2010-08-07T16_30_03-07_00


3 comentários:

  1. Prezado Deodato,

    Sinceramente, estou feliz em ler a sua crônica, que, por sinal, vai ajudar-me no trabalho que estou desenvolvendo.
    Fico feliz, repito, de tê-lo conhecido, trabalhado com você e aprendido muito. Devo-lhe muito querido amigo. Sabe o que mais me gratifica quando falo sobre os amigos que tive na época da Borborema e Caturité? Falar bem todos, especialmente do amigo, com quem formamos uma super equipe na Caturité, na época do saudoso José Stênio Lopes e, logo após, o querido José Cursino de Siqueira. Com a sua inteligência foi possível dar um calor tremendo na concorrência. Não foi?

    Um forte abraço do amigo e irmão,

    Gilson Souto Maior

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  2. Fiquei feliz pela oportunidade de ouvir esta gravação e conhecer este trabalho tão envolvente e bem executado. O sucesso com certeza foi inevitável. Parabéns Deodato!

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  3. Sr. Deodato, sou um dos criadores do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, que pode ser acessado pelo www.cgretalhos.blogspot.com , gostaria de convidá-lo a dividir suas grandes histórias com nossos leitores. Queríamos a permissão de reproduzir essa sua narrativa.

    Parabéns pelo blog

    Adriano

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