segunda-feira, 22 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 18/04/2013


                                                                     

UMA VOZ... UMA SAUDADE

              Há quinze anos, no dia 18 de abril de 1998, o Brasil perdia um pouco da sua musicalidade e do seu romantismo com o falecimento de um dos seus mais consagrados cantores de todos os tempos, ídolo de milhões de brasileiros e dono de uma voz inconfundível: Nelson Gonçalves.
                Filho de pais portugueses, que passaram a residir em São Paulo, no bairro do Braz, logo após o nascimento do primogênito, Antonio Gonçalves Sobral (era este o verdadeiro nome de Nelson Gonçalves), que nasceu em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, no dia 21 de julho de 1919.
               Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria peso-médio, até que, dois anos depois, resolveu tentar a sorte como cantor. Num programa de calouros da Rádio Tupi de São Paulo fez a primeira tentativa e foi reprovado. Na segunda, foi contratado. Tentou fixar-se no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo onde recebeu convite para um teste de gravação e foi recomendado a RCA Victor pelos compositores Osvaldo França e Rosano Monello. Foi com a ajuda de Benedito Lacerda que gravou, em 1941, seu primeiro disco, onde o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves, fez um relativo sucesso, garantindo ao cantor dois contratos: um, com a gravadora e, outro, com a Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado por Carlos Galhardo. Nesse mesmo ano, ao gravar Renúncia, de Roberto Martins e Mário Rossi, deu início à uma série de sucessos que marcariam a década de 40, como a célebre canção Maria Bethânia, de Capiba, os tangos Carlos Gardel e Hoje Quem Paga Sou eu, de Herivelto Martins e David Nasser.
                  Na década de 50, gravou sucessos marcantes de Adelino Moreira, como A Última Seresta e A Volta do Boêmio, além de parcerias com o compositor em Mariposa, Timidez e no bolero Fica Comigo Esta Noite. No final da década, Nelson tornou-se viciado, passando a travar uma dramática batalha contra as drogas, problema que acabaria por ocasionar uma interrupção em sua carreira em 1962, quando foi preso por acusação de portar e consumir entorpecentes, tendo sido, no entanto, absolvido em julgamento.
               Nessa época, formou-se um mutirão de amigos que se uniram em torno da sobrevivência do cantor... do seu retorno às atividades artísticas... de sua volta aos shows, às gravações e ao sucesso. Por telefone, ele pedia socorro. E foram muitas as vezes em que inventamos temporadas do Nelson na Rádio Borborema de Campina Grande, onde ele vinha e se apresentava cercado de cuidados, acompanhado da esposa, que o mantinha afastado das drogas. Em 1965, ele já era o mesmo Nelson de sempre. Gago, inteiramente gago ao falar; perfeito, totalmente perfeito, ao cantar.
                       Em vida, nenhum cantor popular foi maior do que Nelson: gravou 120 LPs,  20 CDs, vendeu 50 milhões de discos, ganhou 15 discos de platina e 41 de ouro.
                       E ficou para sempre no coração do povo brasileiro. 

                       http://www.youtube.com/watch?v=ZLZjoZugaD8                      

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