UMA VOZ...
UMA SAUDADE
Há quinze anos, no dia 18 de
abril de 1998, o Brasil perdia um pouco da sua musicalidade e do seu romantismo
com o falecimento de um dos seus mais consagrados cantores de todos os tempos,
ídolo de milhões de brasileiros e dono de uma voz inconfundível: Nelson
Gonçalves.
Filho de pais
portugueses, que passaram a residir em São Paulo, no bairro do Braz, logo após
o nascimento do primogênito, Antonio Gonçalves Sobral (era este o verdadeiro
nome de Nelson Gonçalves), que nasceu em Santana do Livramento, no Rio Grande
do Sul, no dia 21 de julho de 1919.
Aos 16 anos, tornou-se
lutador de boxe na categoria peso-médio, até que, dois anos depois, resolveu
tentar a sorte como cantor. Num programa de calouros da Rádio Tupi de São Paulo
fez a primeira tentativa e foi reprovado. Na segunda, foi contratado. Tentou
fixar-se no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo onde recebeu convite para um
teste de gravação e foi recomendado a RCA Victor pelos compositores Osvaldo
França e Rosano Monello. Foi com a ajuda de Benedito Lacerda que gravou, em
1941, seu primeiro disco, onde o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves,
fez um relativo sucesso, garantindo ao cantor dois contratos: um, com a
gravadora e, outro, com a Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado por Carlos
Galhardo. Nesse mesmo ano, ao gravar Renúncia, de Roberto Martins e
Mário Rossi, deu início à uma série de sucessos que marcariam a década de 40,
como a célebre canção Maria Bethânia, de Capiba, os tangos Carlos
Gardel e Hoje Quem Paga Sou eu, de Herivelto Martins e David Nasser.
Na
década de 50, gravou sucessos marcantes de Adelino Moreira, como A Última
Seresta e A Volta do Boêmio, além de parcerias com o compositor em Mariposa,
Timidez e no bolero Fica Comigo Esta Noite. No final da década,
Nelson tornou-se viciado, passando a travar uma dramática batalha contra as
drogas, problema que acabaria por ocasionar uma interrupção em sua carreira em
1962, quando foi preso por acusação de portar e consumir entorpecentes, tendo
sido, no entanto, absolvido em julgamento.
Nessa
época, formou-se um mutirão de amigos que se uniram em torno da sobrevivência
do cantor... do seu retorno às atividades artísticas... de sua volta aos shows,
às gravações e ao sucesso. Por telefone, ele pedia socorro. E foram muitas as
vezes em que inventamos temporadas do Nelson na Rádio Borborema de Campina
Grande, onde ele vinha e se apresentava cercado de cuidados, acompanhado da
esposa, que o mantinha afastado das drogas. Em 1965, ele já era o mesmo Nelson
de sempre. Gago, inteiramente gago ao falar; perfeito, totalmente perfeito, ao
cantar.
Em
vida, nenhum cantor popular foi maior do que Nelson: gravou 120 LPs, 20 CDs, vendeu 50 milhões de discos, ganhou
15 discos de platina e 41 de ouro.
E ficou para sempre no
coração do povo brasileiro.
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