CHICO... SEMPRE GENIAL.
A impressão que a gente tinha,
enquanto assistia a um show de Chico Buarque, é que ele, com aquela calma toda
e com uma excessiva timidez a dominar-lhe os gestos, jamais conseguiria
transformar-se num grande intérprete da nossa música popular, mesmo que as
composições a serem interpretadas fossem de sua autoria. Era assim que a gente
via o menino Chico, em 1965, no Festival da Música Brasileira, na TV
Record, tímido e acanhado, defendendo a sua canção A Banda, todo mundo
sentindo que ele estava ali, naquele palco, nervoso, quase apavorado,
procurando uma brecha pra se mandar dali. Mas todo mundo viu que ele foi
até o fim, cantou muito bem a sua musica e recebeu os aplausos do público ao
ganhar o primeiro prêmio, que fez questão de dividi-lo com o paraibano Geraldo
Vandré, que interpretou a sua famosa Disparada, tendo a organização do
Festival dividido o prêmio, por sugestão do próprio Chico.
Embora
o nosso Chico Buarque sempre tenha nos passado essa idéia de que é um homem
extremamente tímido, ele logo conseguiu, desde a juventude, firmar-se no campo
da música popular. Filho do historiador Sergio Buarque de Hollanda, Francisco
Buarque de Hollanda nasceu num dia como o de hoje, em 19 de junho de 1944, no
Rio de Janeiro. Desde cedo, conviveu com diversos artistas, amigos do seu pai e
da sua irmã Heloisa, dentre os quais João Gilberto, Vinicius de Moraes, Baden
Powell, Tom Jobim, Alaíde Costa e Oscar Castro Neves. Aprendeu a gostar de ler
vivendo numa casa cercada de livros. Lia de Dostoievski a Graciliano Ramos,
absorvendo cultura, ao mesmo tempo em que despertava o espírito para a criação.
Aprendeu, com a irmã, a tocar violão. E já ouvia e admirava a bossa nova,
curtindo, ainda, as músicas de Ataulfo Alves, Ismael Silva, Noel Rosa e tantos
outros. Em 1964, já fazia músicas, como Tem Mais Samba, para a peça Balanço
de Orfeu, e teve uma de suas composições – Marcha Para Um Dia de Sol,
gravada pela cantora Maricene Costa. Após sua vitória em 1965, no Segundo
Festival da Música Popular Brasileira, na TV Record, quando A Banda, de
sua autoria, e Disparada, de Vandré, dividiram o primeiro lugar, a sua
ascensão artística foi rápida. Cantando toda semana no programa Fino da
Bossa, de Ellis Regina, na TV Record, Chico logo foi convidado para musicar
o espetáculo Vida e Morte Severina, de João Cabral de Mello Neto,
revelando, a partir, toda a musicalidade existente em seu espírito. A partir
daí, Chico passou a fazer história, como seu pai, só que na música popular
brasileira. Os sucessos aconteciam ao sabor do tempo, como os épicos A Rita,
Pedro Pedreiro, Amanhã Ninguém Sabe, Olê Olá, Sonho de um Carnaval, Noite dos
Mascarados, Com Açúcar e com Afeto, Quem te viu Quem te vê, Morena dos Olhos
Dágua, Januária, Carolina, Roda Viva, Valsinha, Cálice (que deu problemas
com a Censura - quem não se lembra ? - quando os censores imaginaram tratar-se
de “cale-se” do verbo calar ?), Gota D’Água, Vai Levando,
Geni, Luísa, Não Sonho Mais, Bye Bye Brasil, Certas Palavras, Meu Guri,
Suburbano Coração, Vai Passar, A Volta do Malandro e tantas outras
composições que passaram a fazer parte da história musical deste país.
No
dia 19 de junho, quer queira quer não, Chico completa 69 anos e estará beirando
os 70. Parabéns, Chico... que você continue sendo sempre o mesmo menino que a
gente não cansava de aplaudir... um exemplo de coerência política e estética...
cada vez mais você mesmo... do jeito que o povo gosta e admira...do jeito que o
povo quer.
Supimpa! O Chico é voz e talentos etéreos. Apesar dos tche-tche-tches e os que se vão pegar por ai, temos o prazer indelével de poder, ainda, ouvir MELODIAS como as de Chico, elencadas por você aí em "riba". Como é bom ler um comentário em texto enxuto e verdadeiro. Principalmente sobre valores nacionais perenes em nossas memórias.
ResponderExcluirHoje dormirei tranquilo e sereno, por saber que a elite pensante ainda existe do lado de cá das telinhas.
Um forte "acôxo" do amigo de priscas eras.
Nogueira