terça-feira, 16 de julho de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 16/07/2013



                                                                                 
                         
                                SAUDADES DE ROSIL

Não sei bem por quê – pode até ter sido por causa da música Sebastiana que começou a tocar numa emissora de FM, num programa feito para relembrar o passado, mas a verdade é que, de repente, fui envolvido por uma intensa saudade do meu amigo e compadre Rosil Cavalcanti.
Bem mais mais velho do que eu, pois nascêra no dia 20 de dezembro de 1915, no engenho Macaparana, em Pernambuco, Rosil Cavalcanti veio trabalhar, em 1941, como técnico-agrícola, na Secretaria da Agricultura da Paraíba, em João Pessoa, mudando-se, dois anos depois, para Campina Grande, onde iniciou a carreira artística, formando, com Jackson do Pandeiro, a dupla Café com Leite. Foi Jackson quem gravou, em 1953, uma das mais consagradas músicas de Rosil, o côco Sebastiana, que se tornou um sucesso nacional. No ano seguinte, passou a trabalhar na Rádio Borborema, onde, por coincidência, na mesma época, o menino aqui estava chegando para assumir o cargo de produtor da emissora. Mesmo com meus 17/18 anos, a diferença de idade não impediu que solidificasse uma amizade intensa com Rosil, amizade essa que só chegou ao fim com o seu falecimento, no dia 10 de julho de 1968, lá mesmo, em Campina. Além da música, o que mais nos unia eram as pescarias, que se repetiam, domingo após domingo, ora em açudes, ora nas praias do litoral paraibano, que a gente conhecia, sem dúvida, uma a uma.
Foi no período em que esteve na Rádio Borborema, comandando programas como o Forró de Zé Lagoa e a Patrulha da Cidade, de grande audiência, que Rosil mais se desenvolveu como compositor, criando sucessos como Meu Cariri, gravado por Ademilde Fonseca, e Cabo Tenório, Moxotó, Quadro-Negro, Compadre João e os Cabelos de Maria, todos com Jackson do Pandeiro, que gravou, em 56, na Copacabana, o xote Moxotó. Em 58, novos sucessos: vieram Aquarela Nordestina e Saudade de Campina Grande, com Marinês e sua Gente e, em 62, com Luiz Gonzaga, o sucesso voltou a falar mais alto com a marchinha Faz Força, Zé e o xote Ô, Veio Macho,gravados na RCA, assim como o baião Forró de Zé Lagoa, gravado por Genival Lacerda, na Mocambo. E muitos outros artistas, como Trio Nordestino, Pedro Sertanejo, Trio Orixá, Jacinto Silva, Gilvan Chaves e Zito Borborema, gravaram músicas de Rosil.
E foi justamente hoje, sessenta anos depois da chegada de Rosil à Rádio Borborema e 45 anos depois da sua partida, que me bateu, de repente, sem eu saber por quê, uma dorida saudade do meu compadre e amigo, quando me vejo de volta aos estúdios da emissora e, nos finais de semana, às pescarias que se repetiam sempre com muita alegria.
Lembro da sua animação, às 8 da noite, no Forró de Zé Lagoa... não esqueço os seus gracejos, as suas brincadeiras... Rosil faz parte de uma época alegre e festiva no rádio campinense.

E vai demorar muito para morrer de verdade.

                http://www.youtube.com/watch?v=0CJTasvSjmA

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