quarta-feira, 24 de julho de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 24/07/2013



                                                                               



UM REENCONTRO NO CÉU

               Tão grande era a amizade de Dominguinhos com Luiz Gonzaga, o eterno rei do baião, que há mais de 24 anos partiu para a eternidade, que muita gente chega a imaginar, agora, como foi o reencontro dos dois, lá no céu, cada um com sua sanfona, mostrando, com certeza, o que mais sabem fazer: tocar a nossa música.

É que a morte, ôntem, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, aos, 72 anos, do sanfoneiro e compositor José Domingos de Morais, o Dominguinhos, depois de ter herdado do Gonzagão toda a sua majestade (já que o Rei lhe transferiu a corôa em pleno show, prá que todos soubessem do seu desejo), não poderia de nos deixar ansiosos por esse reencontro, já que, agora, juntos mais uma vez, estariam unidos para a eternidade.

Dominguinhos, como Gonzagão, nasceu no interior de Pernam-buco: ele, em Garanhuns, no dia 12 de fevereiro de 1941, e o Rei do Baião ali perto, em Exú, mas os dois só vieram a se encontrar prá valer, em 1954, quando viajou para o Rio de Janeiro, a fim de construir sua carreira como instrumentista, já que, à esta al-tura, elogiado pelo próprio Luiz Gonzaga (que o ouvira tocar), recebêra o convite para ficar ao seu lado.

Foi no Rio que ele recebeu uma sanfona de presente do Gonza-gão, formando, com Miudinho e Borborema, o famoso Trio Nordestino, que tanto en-cantou a todos os brasileiros com suas interpretações da música nordestina.

Em 1957, casou-se com sua primeira mulher, Janete, com quem teve dois filhos, mas foi com a cantora Lucinete Ferreira (mais conhecida por Anastácia), com quem se casou em 1967 (dez anos depois), que permaneceu unido por mais tempo, já que ela não era apenas a sua segunda esposa, mas uma grande parceira musical em mais de duas centenas de canções de sucesso, como Eu só Quero um Xodó, Tenho Sêde, Saudade Matadeira e Forró em Petrolina.

Com a chegada do tropicalismo, firmou parcerias com Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, sendo que, com Chico Buarque, compôs Tantas Palavras e Xote da Navegação, mas foi com Nando Cordel que fez uma das suas canções mais famosas: De volta pro meu aconchego, que viria a se popularizar em todo o Brasil na voz de Elba Ramalho.

Na década de 1970, conheceu, em um show de Nara Leão, a dançarina Guadalupe Mendonça, que se tornaria sua terceira e última mulher. O casal teve uma filha, a cantora Liv Moraes. 

Em 2002, Dominguinhos se consagrou como vencedor do prêmio Grammy Latino, com o álbum Chegando de Mansinho. Quatro anos depois, levou o Prêmio Tim como Melhor Cantor Regional. Em 2010, ganhou o Prêmio Shell de Música

Foram mais de cinquenta anos de intensa convivência com o público brasileiro que, ao mesmo tempo em que o reconnhecia e o aplaudia como um dos melhores intérpretes da nossa música regional, sabia recebê-lo, na intimidade do nossso aconchêgo, como aquele homem simples e amigo, que jamais negou a sua procedência, que era de onde ele tirava toda a substância que envolvia as suas musicas de maior sucesso.

Que Dominguinhos e Gonzagão se reencontrem no céu.

É pena que, para este grande show, sòmente ao Pai Eterno será permitido assisti-lo.

Mas fiquemos atentos: desde ôntem, ao que parece,  as estrêlas estão brilhando um pouco mais. 






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