sexta-feira, 19 de julho de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 19/07/2013



                                                                         



                                                     50 ANOS SEM LALÁ

Existem tantos bons autores na música popular brasileira que uma das tarefas mais difícieis para qualquer ser humano seria, sem dúvida, enumerar os dez melhores e mais talentosos compositores nossos de todos os tempos. O melhor, portanto, o mais talentoso - resumindo tudo numa única pessoa - é tarefa verdadeiramente impossível. Como escolher o mais completo compositor da nossa música popular, assim, de repente e de uma só vez, com nome e sobrenome, esquecendo todos os outros ?
A coisa fica mais fácil, no entanto, quando a gente consegue juntar adjetivos e predicados próprios de um determinado compositor. Qual, dentre todos, por exemplo, sempre foi o mais alegre, o mais extrovertido, o mais criativo e, acima de tudo, aquele que mais tem a cara e o jeito do povo brasileiro ? Feita a pergunta assim, a resposta estaria na ponta-da-língua: Lamartine Babo.
Para as gerações de hoje, explicamos que, no dia 16 deste mês, muitos fãs de Lamartine Babo ainda chorararam a sua ausência, 50 anos depois de sua morte, que ocorreu no dia 16 de julho de 1963, lá no Rio, cidade que ele tanto amou e onde nasceu, no dia 10 de janeiro de 1904, na rua Teófilo Otoni, bem no centro, onde hoje existe a Rio Branco. 
Como sua mãe e suas irmãs tocavam piano, e sua casa era freqüentada por músicos como Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, Lamartine ou “Lalá”, como era conhecido pelos amigos e passou a ser conhecido em todo o Brasil, teria que ser um músico e compositor, já compondo, aos 16 anos, o fox-trot Pindorama – um desafio para fazer uma música apenas com as notas sol, dó e mi. Em 1917, faria sua primeira valsa – Torturas de Amor – em homenagem ao seu pai. Compôs duas operetas: Cibele e Viva o Amor, na qual estava incluída a famosa valsa Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda. Em 1922, compôs várias músicas para o teatro-de-revistas. A partir de 1929, estreou na Rádio Educadora, cantando, com sua voz de falsete, acompanhado, ao piano, por Ari Barroso, ao mesmo tempo em que contava piadas e fazia enquetes. Em 1932, passou a fazer sucesso no carnaval, com o samba Só Dando com Uma Pedra Nela, gravado por Mário Reis. Daí por diante, uma sucessão de sucessos: O Teu Cabelo Não Nega, Marchinha do Amor, Ao Romper da Aurora, A,E,I,O,U, Babo..zeira, Moleque Indigesto, Linda Morena, Grau Dez e vários outras marchinhas que se tornaram marcas registradas do carnaval carioca. No cancioneiro romântico popular, Lamartine foi o máximo, com músicas inesquecíveis, como Mais uma Valsa... Mais uma Saudade, Serra da Boa Esperança... No Rancho Fundo... e tantas outros, assim como grandes sucessos juninos. Em 1945, no seu programa Trem da Alegria, na Mayrink Veiga, na proporção de uma música por semana, compôs os hinos dos 11 clubes de futebol do Rio, como o América (time do seu coração) e mais: Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco e muitos outros,  que até hoje são cantados pelas torcidas. 
No centenário do nascimento de Lalá, comemorado em 2004, muitas homenagens foram prestadas ao nosso genial compositor, mas o Brasil, como um todo, ainda lhe deve bastante, tão grande e marcante foi a sua presença em nossa música popular.
Ele foi, sem dúvida, o mais brasileiro dos nossos compositores.

                        http://www.youtube.com/watch?v=5V-Zk7wilmo

Um comentário:

  1. Depois vc fala de Orlando Silva, o cantor das multidões. O maior cantor já nascido no mundo.

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