segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 06/02/2013



GUERRA E PAZ


                                                                           

          Nascido numa fazenda de café perto da cidade de Brodowsky, em São Paulo, no dia 30 de dezembro de 1903, Candido Portinari, filho de um casal de imigrantes italianos, seria um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos.

               Na pequena Brodowsky, Portinari freqüentou a escola, mas não foi além do terceiro ano do curso primário. Só que nele já pulsava a vocação artística. Como desenhista, passou a trabalhar como ajudante de um grupo de pintores e escultores italianos itinerantes que viviam de decorar igrejas em cidades do interior.

              Mudando-se para o Rio, Portinari logo se matriculou como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes. Aos 26 anos, em 1929, fez sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel  do Rio, viajando, neste mesmo ano, para Paris, com uma bolsa de estudos, onde permaneceria até janeiro de 1931, quando retornou ao Brasil já casado com Maria Vitória Martinelli, jovem uruguaia de 19 anos, que seria sua companheira da vida toda e com quem teve seu único filho, João Cândido.

              Com apenas um metro e cinqüenta e quatro centímetros de altura – prova mais que cabal que a genialidade de um homem não se mede pelo seu tamanho -, Portinari, com sua primeira mostra nos Estados Unidos, ganhou o prêmio Carnegie, em 1935, dando início a mais bem sucedida carreira de um pintor brasileiro com projeção internacional. Logo em seguida, vieram três grandes painéis para a Feira Mundial de Nova York, em 1939; sua exposição individual no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1940; os quatro painéis para a Biblioteca do Congresso, em Washington; a publicação do primeiro livro sobre sua obra, em 1941, pela Universidade de Chicago;  a grande repercussão da sua exposição na Galerie Charpentier, em Paris, em 1946; a exposição itinerante, em Israel, em 1956, e, finalmente, seus monumentais painéis Guerra e Paz, para a sede da ONU, em Nova York, que o tornaram mundialmente conhecido.

                 Foi no  dia 6 de fevereiro de l962, como esse que passou, há mais de meio século, portanto, que Portinari morreu, aos 58 anos, intoxicado pelas próprias tintas que davam vida às suas obras geniais, como se as cores tivessem resolvido pintar a sua alma, tendo, como objetivo, destaca-la, doravante, pelos caminhos sem fim da eternidade.

                Cândido Portinari, o menino de Brodowsky, ficou em nossas vidas, pintando coisas e pessoas, deixando mais de cinco mil pinturas, cada uma delas com uma mensagem oculta para a humanidade.

               No Guerra e Paz, lá na ONU, faltou alguém que explicasse aos presidentes americanos, de ontem e de hoje, a mensagem que o painel contém, retratando um mundo sem conflitos, possivelmente com os americanos bem longe do Iraque.

                     http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=Mzr-u_x84sc&NR=1

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A CRÔNICA DO DIA - 07/02/2013



O NÚMERO 13          


                            Foi Zagalo, quando ainda jogava futebol, que acabou, de uma vez por todas, com a minha antiga aversão ao número 13 (já que, desde a mais tenra ida-de, sempre ouvira falar que era um símbolo de azar), quando, numa entrevista à uma emissora de rádio, declarou, em alto e bom som:
                                 - O 13 sempre foi meu número da sorte e, por conta disso, nunca deixei de exigir, dos clubes por onde passei, como parte do meu contrato, que ele estivesse impresso na camisa, às minhas costas, não importando a posição em que jogasse.                                       
                                   Toda sexta-feira, 13, no entanto, especialmente no mês de agosto – o conhecido dia do azar -, por mais que a gente saiba que é apenas mais uma data, como outra qualquer, no calendário, sempre deixa muita gente arredia, evitando fazer coisas que normalmente faz, a fim de não dar chances aos espíritos do mal.
                             Embora a fanática torcida do Treze Futebol Clube, lá de Campina,sempre esteja a postos para encher os estádios e levar a sua querida agremiação à grandes vitorias, ainda existe muito torcedor que, quando o time, jogando mal, perde uma partida, fica em dúvida quanto ao nome do velho Galo da Borborema.
                                 Foi o que se deu, com certeza, com muita gente, em todo o mun-do, quando começou o novo ano que, agora, já estamos vivendo: 2013.
                                O povo brasileiro, alegre e saltitante, (e lá estou eu no meio) não estava nem aí pro 13 em destaque no ano que se iniciava.
                                  - 13 é coisa boa: foi no dia 13 de maio que a nossa Princesa aboliu a escravatura no Brasil !
                                 Logo no primeiro mês do ano (quando ainda brindava as oito décadas bem vividas, completadas no dia 20), eis que um acontecimento terrível (pois jamais ocorrêra algo sequer parecido em nosso país) começou a nos encher de dúvidas quanto à sorte ou o azar do citado número.
                                  Na madrugada do dia 27, a notícia de um incêndio na Buate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando morreram (até o momento), asfixiados ou queimados, 238 pessoas (a maioria, jovens), já que cerca de mil pessoas comemoravam, com uma grande festa, a realização de um dos sonhos da juventude que é a formatura, deixou o povo brasileiro bastante tríste e abalado com a dimensão da tragédia, nunca antes ocorrida em nosso país.
                                Santa Maria é uma cidade com menos de 300 mil habitantes, mas que realiza, com suas sete universidades, costumeiras e divertidas festas de formatura, envolvendo os vários cursos lecionados em cada uma delas.
                        Foi uma tragédia terrível e, levando-se em conta os envolvidos e as razões festivas do evento, sem similar, devido ao número de mortos e feridos, em todo o mundo.
                            Ainda sob o impacto do trágico acontecimento, já que se seguiram as tristes declarações dos parentes das vítimas, as tumultuadas providências das autoridades para encontrar e punir culpados, assim como a certeza de que tudo vai continuar do mesmo jeito se medidas realmente definitivas não forem tomadas para impedir que tais fatos se repitam, o povo brasileiro começa a enxugar as lágrimas e a libertar o coração pro canaval que se aproxima.
                        Com as folias de rua já tomando conta do pedaço, o brasileiro mal tem tempo prá raciocinarsobre coisas de somenos importância, como as eleições da Câmara Federal e do Senado da República que, pela primeira vez, perigosamente, com Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros, as duas casas ficaram, como há muito tempo não acontecia, nas mãos e sob a égide de um só partido: o PMDB – o que quer dizer, sob as ordens do Governo Federal.
                             Comparando-se as duas tragédias (já que o povo brasileiro bem conhece a ficha dos dois políticos que acabam de assumir os respectivos cargos), a hecatombe continua, só que, agora, na buate do Congresso Nacional, podendo atingir, desta vez, no entanto, não só aos jovens, mas ao povo do nosso país, como um todo, num incêndio que bombeiro algum vai ter condição de apagar.
                            Onde estão os partidos de oposição ? Será que todos eles votaram também com o PMDB ?
                                  Aliás, se existe uma eleição onde o voto secreto não deveria entrar, esta é uma delas: bom mesmo é que, no final da votação, o povo brasileiro pudesse saber a quem foi que cada deputado ou senador deu o seu voto.
                                   Mas isso é pedir demais.
                                   O 13 deste ano, por conseguinte, continua na balança.
                                 Vamos torcer prá que tudo possa dar certo e a balança passe a pender pro lado da nossa gente.
                                     Trazendo muita sorte, como sempre aconteceu com o velho Zagalo.