segunda-feira, 29 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 24/04/2013



                                    UMA VOZ INESQUECÍVEL



            Dos cantores da época de ouro do rádio – onde se incluem Francisco Al-ves, Sílvio Caldas, Vicente Celestino, dentre outros -, nenhum conseguiu amealhar tantos fans em tão pouco tempo de sucesso, quanto Carlos Galhardo, cuja voz, verdadeiramente encantadora, ficou para sempre no coração dos brasileiros.
                 Neste mês, quando transcorre, neste 24 de abril, o centenário do seu nasci-mento, não podemos deixar de lembrar as grandes interpretações de Carlos Galhardo, que nasceu Catello Carlos Guagliardi, em Buenos Aires, na Argentina, em 1913, filho dos italianos Pedro Guagliardi e Saveria Novelli.
                Dois meses após o seu nascimento, a família mudou-se para São Paulo e, logo depois, para o Rio de Janeiro, onde procurou acompanhar a profissão do pai, que era alfaiate, sendo que a música, já presente em sua vida, tornou-se do jovem cantor, que começava a aparecer, graças ao amigo e compositor Assis Valente, que o incentivava.
               Em 1935, ao gravar a valsa-canção Cortina de Veludo, o nosso Carlos, que já havia incluído o Galhardo como sobrenome, transformou em sucesso a composição de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago, que, ainda hoje, tantos anos depois, ainda é reverenciada por sua beleza.
                Além de gravar e fazer sucesso com muitas músicas carnavalescas, foi com as datas festivas que Galhardo se tornou primeiro sem segundo, gravando músicas alusivas às datas mais comemoradas no país, como Boas Festas, no Natal, Mãezinha Querida (Dia das Mães), Papai do Meu Coração (Dia dos Pais), Tempo de Criança (Dia das Crianças), Balão do Amor (São João), Valsa dos Namorados (Dia dos Namorados), Quarto Centenário (Aniversário de São Paulo) e tantos outras datas foram lembradas, imortalizadas com sua voz de ouro.
                 Muitas foram as músicas que ele gravou, colocando-as, para sempre,  num lugar de destaque em nossa memória, como Adeus, Amor, de Urbano Lóes, A Você, de Ataulfo Alves, A pequenina cruz do teu rosário, de Fernando Wayne, Bodas de Prata, de Roberto Mar-tins e Mário Rossi, Cortina de Veludo, de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago, Devolve, de Mário Lago, ...E o destino desfolhou, de Gastão Lamounier e Mário Rossi, Fascinação, de Armando Louzada, Linda Borboleta, de João de Barro e Alberto Ribeiro, Mais uma valsa... mais uma sau-dade, de José Maria de Abreu e Lamartine Babo, Rosa de Maio, de Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy, Saudades de Matão, de Jorge Gallati e Raul Torres, e muitos outros sucessos, que ficaram eternamente gravador em nosso coração.
               Ao todo, Carlos Galhardo gravou 570 músicas, sendo um dos cantores que mais gravou em nosso país, afora Francisco Alves.
               No dia 25 de julho de 1985, em São Paulo, veio a falecer, deixando, a partir daí, em todos nós, especialmente naqueles que ouviram ao vivo a sua voz, uma saudade que, ao que parece, ficará para sempre em nossa memória.
                Agora mesmo, Carlos Galhardo está aqui, como sempre esteve em todo país, através da sua voz, cantando e encantando a todos.
                 Uma saudade dessas não tem limites.  

                 https://www.youtube.com/watch?v=5g2sY1pUZdc                     

sábado, 27 de abril de 2013

A CRÔNICA DO DIA - 27/04/2013

         
                                                                   

                                     A MAIORIDADE PENAL

          A discussão é tanta em torno do têma (deve-se ou não diminuir a maioridade penal em nosso país ?), que a gente - mesmo sem querer, querendo -, já que estamos com a corda-no-pescoço ante os crimes que se sucedem em todo o país, envolvendo adolescentes, que resolvemos abordar o assunto aqui, numa crônica, trazendo até vocês o nosso pensamento a respeito.
           Antes de dizer o que está certo ou errado em nossa legislação, fomos em busca de informações sobre como o mesmo têma é tratado em outros países, especialmente naqueles bem mais evoluídos e mais antigos, sejam quais forem os seus continentes.
      É bom que se entenda que maioridade penal (que também é conhecida como idade de responsabilidade criminal) é a idade a partir da qual o indivíduo pode ser penalmente responsabilizado por seus atos em determinado país ou jurisdição.
            Enquanto a nossa maioridade penal é a partir dos 18 anos, como entender que na Inglaterra ela fique entre 10 e 14 anos, 12 anos na Grécia, no Canadá e nos Países Baixos, 13 anos na França, Israel e Nova Zelândia, e 14 anos na Áustria, Alemanha e Itália ? E o que dizer da Polônia (13 anos), Escócia (8 anos), País de Gales (10 anos), Rússia (14 anos), Ucrânia (10 anos) ? E nos Estados Unidos, onde 13 estados fixaram uma idade que varia entre 6 e 12 anos e os demais estados entre 7 e 14 anos ?
                Sem levar em conta o continente onde se encontra, lá está o México (6 a 12 anos), Groelândia (6 a 7 anos), Irã (9 a 15 anos), Turquia (11 anos), Bangladesh (11 anos), China (14 anos), Singapura (7 anos), Coreia do Sul (12 anos), Filipinas (11 anos), Índia (7 anos), Indonésia (8 anos), Japão (14 anos), Nepal (10 anos), Paquistão (7 anos), Vietnã (14 anos), África do Sul (7 anos), Argélia (13 anos), Egito (15 anos), Etiópia (9 anos), Nigéria (7 anos), Marrocos (12 anos), Tanzânia (7 anos), e segue por aí.
          E o nosso Brasil tem seguido em frente, aos trancos e barrancos, conforme acompanhamos diariamente nos noticiários de rádios e TVs, com a garotada brasileira, matando e assumindo os crimes que praticam, já que, graças à sua idade (abaixo de 18 anos), eles pouco ou quase nada recebem como castigo, a não ser uma breve passagem pela Fundação Casa e... pronto: já estão aptos a cometer os mesmos delitos, matando ou roubando, como lhes convier.
               O que nos faz estar aqui, comentando um assunto tão traumáti-co para todos nós, é a sequência de acontecimentos tristes e profundamente lamentá-veis que, diariamente, chegam ao nosso conhecimento, envolvendo jovens que, sem a menor cerimônia, confessam assaltos e assassinatos terríveis , como se estivessem falando sobre um acontecimento banal.
                Está na cara que o nosso país precisa, com urgência, de uma legislação mais severa, envolvendo jovens criminosos.
            A maioridade penal pode e deve ser alterada, a fim de que a juventude brasileira possa se enquadrar no que é certo ou errado, evitando trilhar os caminhos do crime, sabendo que serão punidos se caírem nas malhas da justiça.
           Que os nossos legisladores discutam o problema e, se possível, ouçam o nosso povo, mas que não deixem de tomar uma decisão em torno da maioridade penal, que é, hoje, uma das aberrações da justiça brasileira.
         Todo criminoso é terrível, mas o jovem, que acaba  de matar alguém e logo estará livre para continuar matando outras pessoas, é pior ainda.
                                   Ele transfere a culpa do seu ato para todos nós.
                                    
                                  
                                   

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 18/04/2013


                                                                     

UMA VOZ... UMA SAUDADE

              Há quinze anos, no dia 18 de abril de 1998, o Brasil perdia um pouco da sua musicalidade e do seu romantismo com o falecimento de um dos seus mais consagrados cantores de todos os tempos, ídolo de milhões de brasileiros e dono de uma voz inconfundível: Nelson Gonçalves.
                Filho de pais portugueses, que passaram a residir em São Paulo, no bairro do Braz, logo após o nascimento do primogênito, Antonio Gonçalves Sobral (era este o verdadeiro nome de Nelson Gonçalves), que nasceu em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, no dia 21 de julho de 1919.
               Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria peso-médio, até que, dois anos depois, resolveu tentar a sorte como cantor. Num programa de calouros da Rádio Tupi de São Paulo fez a primeira tentativa e foi reprovado. Na segunda, foi contratado. Tentou fixar-se no Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo onde recebeu convite para um teste de gravação e foi recomendado a RCA Victor pelos compositores Osvaldo França e Rosano Monello. Foi com a ajuda de Benedito Lacerda que gravou, em 1941, seu primeiro disco, onde o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves, fez um relativo sucesso, garantindo ao cantor dois contratos: um, com a gravadora e, outro, com a Rádio Mayrink Veiga, para onde foi levado por Carlos Galhardo. Nesse mesmo ano, ao gravar Renúncia, de Roberto Martins e Mário Rossi, deu início à uma série de sucessos que marcariam a década de 40, como a célebre canção Maria Bethânia, de Capiba, os tangos Carlos Gardel e Hoje Quem Paga Sou eu, de Herivelto Martins e David Nasser.
                  Na década de 50, gravou sucessos marcantes de Adelino Moreira, como A Última Seresta e A Volta do Boêmio, além de parcerias com o compositor em Mariposa, Timidez e no bolero Fica Comigo Esta Noite. No final da década, Nelson tornou-se viciado, passando a travar uma dramática batalha contra as drogas, problema que acabaria por ocasionar uma interrupção em sua carreira em 1962, quando foi preso por acusação de portar e consumir entorpecentes, tendo sido, no entanto, absolvido em julgamento.
               Nessa época, formou-se um mutirão de amigos que se uniram em torno da sobrevivência do cantor... do seu retorno às atividades artísticas... de sua volta aos shows, às gravações e ao sucesso. Por telefone, ele pedia socorro. E foram muitas as vezes em que inventamos temporadas do Nelson na Rádio Borborema de Campina Grande, onde ele vinha e se apresentava cercado de cuidados, acompanhado da esposa, que o mantinha afastado das drogas. Em 1965, ele já era o mesmo Nelson de sempre. Gago, inteiramente gago ao falar; perfeito, totalmente perfeito, ao cantar.
                       Em vida, nenhum cantor popular foi maior do que Nelson: gravou 120 LPs,  20 CDs, vendeu 50 milhões de discos, ganhou 15 discos de platina e 41 de ouro.
                       E ficou para sempre no coração do povo brasileiro. 

                       http://www.youtube.com/watch?v=ZLZjoZugaD8                      

segunda-feira, 15 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 15/04/2013


                                                                       

SAUDADES DE CAYMMI

                        Nos anos 70, estive morando, por quase um ano, em Salvador, na Bahia, a serviço dos Diários Associados. De repente, lá estava eu, na terra de tantos sonhos, percorrendo as ladeiras de Salvador, as suas muitas igrejas, o seu famoso Mercado Modelo e, pra que não disessem que eu só fui pra lá pra fazer turismo, comecei a preparar, ao mesmo tempo, as novas programações da Rádio Sociedade e da TV Itapuan, que eram os veículos associados, naquela época, no estado.
                       Nas minhas andanças com os colegas da empresa, em busca de contratar pessoas que pudessem nos ajudar no lançamento das novas programações, fui apresentado à uma figura excepcional: o escritor Guido Guerra – um jovem e talentoso contista, bastante conhecido em todas as áreas. Foi por intermédio de Guido que almoçamos, certo dia, com Jorge Amado e Zélia Katai, numa entrevista informal com o casal, quando descobrimos que o maior escritor brasileiro, à época, escrevia todos os seus livros à mão, já que nunca aprendera a usar uma máquina de datilografia. Era ela, a sorridente Zélia, sua companheira, quem botava ordem em todos os seus rascunhos, datilografando-os, um a um. E o que era mais incrível - conforme confidenciou – cabia à ela a tarefa de colocar as vírgulas e ponto-e-vírgulas que o nosso Jorge, comumente, esquecia de colocar.
                       Foi com Guido Guerra, também, que fomos à festa dos 60 anos de Dorival Caymmi, grande amigo de Jorge Amado e um dos maiores e mais festejados compositores brasileiros de todos os tempos. Lá estávamos nós, na casa de Caymmi, na praia de Ondina, cercado por familiares – por Stella, sua esposa, e pelos filhos, Nana, Dori e Danilo, além de amigos e parentes – o próprio Caymmi, com seu jeitão de eterno jovem, apagando as 60 velinhas do bonito, cheiroso e enfeitado bolo.
                       Nascido em Salvador, no dia 30 de abril de 1914, filho do funcionário público Durval Henrique, que tocava violão, bandolim e piano, e de Dona Sinhá, como sempre foi conhecida a sua mãe, Aurelina Cândida Caymmi, Dorival logo se aventurou pelo mundo da música. Em 1939, Caymmi já lançava, com Carmen Miranda, seu primeiro grande sucesso O que é que a baiana tem ? E vieram outros eternos sucessos da nossa música popular, como Boneca de Pixe, Na Baixa do Sapateiro, O Mar, O Samba da Minha Terra, Quem Não Gosta de Samba, É Doce Morrer no Mar (em parceria com seu amigo Jorge Amado), A Jangada Voltou Só, Requebre que eu dou um Doce, Vatapá, Rosa Morena, Marina, Gabriela, Nunca Mais, Sábado em Copacabana, Não Tem Solução e o célebre... Você Já Foi à Bahia ?, além de muitas outras páginas do nosso cancioneiro.
                       Foi esse o Dorival Caymmi que conheci há mais de 30 anos - o mesmo jovem que, no dia 16 de agosto de 2008, resolveu partir para a eternidade, aos 94 anos, deixando tristes e saudosos todos os seus amigos e admiradores espalhados por esse imenso Brasil.
                       Já faz quase cinco anos, portanto, que o nosso Caymmi deu um pulo ali no céu, mergulhou na eternidade e nunca mais voltou.

                              http://www.youtube.com/watch?v=moa81-S4cog




quinta-feira, 11 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 11/04/2013


                                                                               


                                     SAUDADE DA MORENA

             A melhor lembrança que guardo de Clara Nunes, a morena de Angola que enlouqueceu o Brasil, foi a sua entrada estonteante em minha sala, em 1968, quando dirigia a Rádio Sociedade da Bahia, em Salvador, bela e envolvente nos seus 26 anos, trazendo, em suas mãos, o segundo LP que acabára de gravar na Odeon, cujo título – Você passa, eu acho graça – fazia parte da letra da música de Ataulfo Alves que tinha se transformado em seu primeiro grande sucesso, tendo servido, também, para fixar a sua voz ao nosso samba.
          Logo após ouvir a música-tema do LP e de parabenizar a jovem cantora por sua interpretação, autorizei que a gravação fosse tocada nos principais horários da emissora e fiz um convite à sua intérprete para que participasse de um programa de auditório que logo iria ao ar na TV Itapuan. Clara não só aceitou o convite, como subiu ao palco e, diante das câmeras, deu um show de canto e de rebolado, conquistando de vez a admiração dos baianos.
             Alegre e descontraída, parecendo sempre de bem com a vida, Clara Nunes passou pela vida como um raio de luz, iluminando os caminhos e conquistando corações com a força dos seus encantos e das suas interpretações musicais.
              Tendo sido a caçula dos sete filhos do casal Manuel Araújo e Amélia Nunes, Clara nasceu, no dia 12 de agosto de 1942, no distrito de Paraopeba (hoje Caetanópolis), no município de Cedro, no interior de Minas Gerais, local onde viveu até os 16 anos de idade. Suas primeiras ligações com a música, foi através do pai, que era violeiro e tocava nas festas de Folia de Reis, e com o coral da Matriz de Cruzada Eucarística, onde cantava ladainhas em latim. Com a morte dos pais, foi morar com dois irmãos em Belo Horizonte, participando do Coral Renascença, da igreja do bairro onde morava.   Em 1960, foi a vencedora do concurso A Voz de Ouro ABC, na fase mineira, cantando a música Serenata do Adeus, de Vinicius de Morais. Logo depois, com a música Só Adeus, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, obteve o 3º lugar na finalíssima realizada em São Paulo. Ao lado de Milton Nascimento – Bituca -, que atuava como baixista, ela passouaparecer como crooner de boates e, logo após, na televisão, fazendo sucesso no programa de Hebe Camargo na TV Itacolomi, até que ganhou um show todo seu, onde apresentava artistas de renome nacional, como Ângela Maria, Altemar Dutra e muitos outros. Em 1965, foi para o Rio de Janeiro, onde passou a atuar nos melhores programas de televisão. A partir de 1969, com o disco Ave Maria do Retirante, tornou-se nacionalmente conhecida. No ano seguinte, realizou, com Ivon Curi, um grande show em Luanda, na África. Com Toquinho e Vinicius, percorreu o Brasil com o show O Poeta, a Moça e o Violão. E vieram os grandes sucessos: Contos de Areia, Menino de Deus, O Mar Serenou, Juízo Final, Macunaíma, Herói da nossa gente, A Flor da Pele, Coração Leviano, Feira de Mangaio (do nosso Sivuca e Glorinha) e tantas outros.
            Clara morreu no Rio, dia 2 de um mês de abril igual a este,no ano de 1983, após submeter-se à uma simples cirurgia de varises. Faz 30 anos, portanto, que ela se foi, deixando, em seu lugar, esta imensa saudade. 

                                             http://www.youtube.com/watch?v=SLD43NX3vkE


terça-feira, 9 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 09/04/2013

                             
                                                                   

                                            AS AVENTURAS DO FLAMA

           No início dos anos sessenta, como Diretor Artístico da antiga Rádio Borborema de Campina Grande, tinha, dentre outras responsabilidades que o cargo exigia, o cuidado de manter a programação da emissora dentro de um determinado nível de audiência, que era o que determinava, sem dúvida, o sucesso das suas grandes promoções em todas as áreas, envolvendo jornalismo, futebol, show artístico e novela radiofônica.
              Em se tratando de audiência, as novelas das quatro (no “Vesperal das Moças”) e das oito (no chamado horário nobre) davam um verdadeiro show, com quase a totalidade dos ouvintes da região em sintonia com a famosa ZYO-7.
              Numa das pesquisas realizadas, à época, a Rádio Jornal do Comércio do Recife, com suas ondas curtas e médias (“Pernambuco falando para o mundo”), apareceu com um excelente nível de audiência, graças a um novo seriado radiofônico, produzido no Rio, denominado “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, e que estava sendo transmitido naquele horário.
          Para recuperar a audiência do horário, não existia outra saída: os primeiros capítulos de “As Aventuras do Flama” logo foram escritos, começaram a ser ensaiados e, em pouco tempo, foram levados ao ar, de segunda à sexta-feira, às 13.00 horas, alcançando, inesperadamente, um sucesso sem precedentes em toda a cidade.
                Aquela atração, no entanto, lançada, assim, tão de repente, transformou-se, da noite para o dia, num estrondoso show de audiência, não se falando em outra coisa em toda parte, senão nas aventuras do Flama (cujo personagem era vivido por mim mesmo) e de toda a sua turma, envolvendo o seu inseparável amigo Zico (interpretado por Benjamim Bley), a sua noiva Eliana (Edileusa Siqueira), o engraçado Bolão (Valmir Chaves), o comissário Laurence (Ezequias Bernardo) e toda uma terrível e ameaçadora corja de super-vilões.
             O sucesso do herói era tão grande, à época, que foi criado o “Clube do Agente Secreto do Flama”, com a distribuição de milhares de carteirinhas, que identificavam cada um dos agentes, facilitando o seu acesso gratuito ao auditório da Rádio Borborema, aos sábados, à tarde, quando eram realizadas as famosas reuniões, com a participação de todo o elenco e farta distribuição de brindes com os presentes.
                   Como a editora Globo, à época, resolveu publicar a revista “Jerônimo, o Heroi do Sertão”, em quadrinhos, resolvi não dar por menos e comecei a desenhar uma revista similar, com novas aventuras do Flama, cujos clichês foram confeccionados no Diário da Borborema, jornal da mesma empresa, tendo a impressão sido feita na Gráfica Júlio Costa, instalada num prédio vizinho.
                    Imaginem a alegria e o entusiasmo da garotada, que ouviam, diariamente, as aventuras do seu herói, tendo, agora, às mãos, uma revista em quadrinhos, com desenhos e comentários sobre tudo o que acontecia no seriado radiofônico !
                E foi assim,  “sem querer, querendo”, que “As Aventuras do Flama” se transformaram no primeiro seriado radiofônico da Paraíba e o gibi do herói passou prá história da nossa imprensa como a primeira revista-em-quadrinhos publicada no norte e nordeste do Brasil.
                 Tudo aquilo que se faz com amor e emoção tem tudo para se perpetuar em nossas vidas, marcando momentos e definindo caminhos.
                     
                        Clique e ouça um episódio do Flama: 

                       http://manneh.podomatic.com/entry/2010-08-07T16_30_03-07_00


sexta-feira, 5 de abril de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 05/04/2013


                                                                         


                                           O ADEUS DE PAVAROTTI

                    Existem vozes humanas que marcaram uma época, como já aconteceu com inúmeras outras que ficaram para sempre em nossas vidas, a maioria delas presentes na música erudita, que é o caminho natural dos grandes intérpretes de todos os tempos, como é o caso de Luciano Pavarotti, que foi o tenor dominante na segunda metade do século XX.
                      Nascido em Módena, na Itália, no dia 12 de outubro de 1935, Luciano continuava continuava cantando como nunca, após mais de sessenta anos de vida, interpretando, melhor que ninguém, as grandes páginas da musica universal, como La Bohéme, de Verdi, Tosca, de Puccini e tantas outras, além das belas e incomparáveis canções napolitanas que só ele conseguia leva-las ao extremo da mais completa fascinação.
                  Foi no dia 29 de abril de 1961 que o nosso mais completo tenor se apresentou no Teatro Massimo, de Palermo, num concerto tão memorável que lhe abriu as portas para suas primeiras aparições internacionais, como em Amsterdam, Viena, Zurich e Londres, em 1963. Foi com a ópera La Bohéme, de Verdi, a mesma tantas vezes apresentada no Teatro Scala, de Milão, que Luciano mostrou todo o seu poder de interpretação em San Francisco e Nova York, nos Estados Unidos, conquistando o coração de milhares de admiradores americanos e, a partir daí, em quase todos os países do mundo, inclusive no Brasil.
                    Em 1968, veio a consagração, dando vida ao Rodolfo, da ópera La Bohéme, no Metropolitan Ópera House, de Nova York, convertendo-se, a partir daí, no mais conhecido e aplaudido tenor, desde Caruso.
                      Juntamente com os amigos José Carreras e Plácido Domingos, outros excelentes tenores, Luciano realizou grandiosos concertos em Roma, no ano de 1991, e em Los Angeles, em 1994 .
                 No auge da fama, ele surpreendeu aos seus milhões de admiradores em todo mundo, anun-ciando, durante sua interpretação da Tosca, no dia 27 de março de 2004, no Metropolitan House, de Nova York, que aquela seria a sua última apresentação em público e que deixaria de cantar definitivamente no dia 12 de outubro de 2005, ao comemorar os seus 70 anos de vida, como realmente aconteceu.
                 -        De todos os palcos, tinha que ser neste: chegou a hora – disse o tenor, com uma certa tristeza naquela voz que tanto empolgou multidões em todo o mundo.
                As milhares de pessoas presentes ficaram em silêncio, ali, na platéia, por muito tempo, como se a música tivesse deixado de existir.
                 No dia 6 de setembro de 2007, ele morreu em sua casa, em Módena, devido a um câncer no pâncreas, aos 71 anos. 
                   A partir daí, só restou a saudade, realmente, para todos nós, através da sua voz, eternizada nas muitas gravações que fazem reacender as lembranças que passaram a morar para sempre em nossos corações.

                                  http://www.youtube.com/watch?v=m1TxwmS2ED4