segunda-feira, 18 de março de 2013

CRÔNICA DA SAUDADE - 18/03/2013



PARABÉNS, RONALDO


          Este é o primeiro 18 de março que deixo de comemorar, como era de pra-xe, com um aperto de mão e um abraço (quando era possível), ou mantendo contato com o aniversariante de algum modo (telegrama, telefone, internet, etc.), já que, pela primeira vez, o nosso Ronaldo Cunha Lima não está presente neste mundo e só mesmo a saudade é que faz com que sintamos sua presença ao nosso lado.
           Normalmente, mesmo nos dois últimos anos, quando a doença o obrigou a isolar-se dos amigos, sempre encontrei um jeito de ouvir a sua voz, mesmo que fosse através de um telefone, contanto que pudesse desejar os parabéns por mais uma etapa vencida nesta caminhada, que ele, melhor que ninguém, soube realizar, alcançando um sucesso a cada passo.
               Proibido de ingerir bebida alcoólica, dizia:
                - Obrigado pela lembrança e tome uma por mim, que eu mereço !
          Ronaldo Cunha Lima sempre participou, ao longo da sua existência, de fátos marcantes que determinaram o rumo da sua vida, passando a ser, por conta disso, uma figura verdadeiramente inesquecível.
            Quem pode esquecer, por exemplo, tendo acompanhado a sua trojetória de vida, a sua participação, em 1988, no programa Sem Limite da Rede Manchete, sobre o seu ídolo, o poeta Augusto dos Anjos, de onde se saiu vitorioso, respondendo as perguntas em versos e recebendo os aplausos de toda a Paraíba ? E como não se lembrar da cassação dos seus direitos políticos em plena revolução militar, afastando-o do cargo de prefeito de Campina Grande, que acabára de conquistar através do voto popular ? E quem pode não lembrar – e deixar de aplaudir – a sua volta triunfal, dez anos depois, para candidatar-se a prefeito de Campina e, mais uma vez, receber todo o apoio da população, elegendo-se, mais uma vez, para o cargo, onde realizou excelente administração ? E as conquistas políticas que vieram depois, como esquecê-las ? Ronaldo deputado estadual por duas vezes... Governador do nosso estado....senador da República.... como não lembrar cada um dos seus mandatos – todos eles voltados para um trabalho firme e decisivo em favor da sua terra ?
                   Em 1999, o AVC....o acidente vascular cerebral que afetou um lado do seu corpo, deixando-o numa cadeira de rodas e com dificuldades da se expressar. Mas quem foi que disse que o poeta ficaria quieto ? Melhor do que nunca, lá estava ele – amigo como sempre e mais inteligente ainda na construção dos seus poemas -, publicando livros que já fazem parte da nossa literatura e mostrando, mesmo nas bata-lhas políticas envolvendo Cássio, seu filho, que jamais ficaria fora de uma boa lúta enquanto vivesse !
                    Por tudo o que foi... por tudo o que fez... pelo muito que trabalhou em favor da Paraíba e do seu povo.... Ronaldo jamais será esquecido.
                   No dia de hoje, os mais velhos imaginam-se numa mesa da Flórida, lá em Campina, com o garçon se dirigindo ao homenageado:
                      - Parabéns, dr. Ronaldo. Quantos pingados ?
                    E a farra se estendia até de madrugada, anunciando uma vida cheia de lú-tas que estava apenas começando.
                     Onde estiver... aquele sorriso.
                      Parabéns... hoje e sempre.

                     Posse
 
                     Pai
                     https://soundcloud.com/mike-deodato/ronaldo-cunha-lima-conversando 
                                                                          
                           

terça-feira, 5 de março de 2013

A CRÔNICA DO DIA - 05/03/2013



MAIS UMA TRAGÉDIA
 

             No último sábado, cerca de 300 torcedores corintianos partici-param de um protesto em São Paulo, pedindo aos gritos, em frente ao consulado boliviano, que fica na avenida Paulista, a libertação dos 12 jovens que se encontram detidos na cidade de Oruro, na Bolívia, em razão da morte de Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador disparado durante o jogo entre San José e Corintians, pela Copa Libertadores da América, no Estádio Jesús Bermudez.
           Um dia antes, um adolescente de 17 anos, que se diz torcedor do Corintians, apresentou-se à Justiça, em Guarulhos (grande São Paulo), assumindo a culpa pela tragédia de Oruro, afirmando ter disparado o sinalizador que matou o jovem boliviano durante o jogo, mas as autoridades do Brasil e da Bolívia desconfiam que a ação possa ser uma manobra da torcida Gaviões da Fiel para inocentar um adulto.
          Enquanto a Conmebol pune o Cortintians, obrigando-o a realizar seus jogos pela Sul-Americana com os portões fechados (como aconteceu no Pacaembú, na semana passada), a família de Kevin diz que o time brasileiro é o culpado e critica a nossa embaixada por solicitar a soltura dos presos.
          Prá que a gente não fique chovendo no molhado, repetindo o que todo brasileiro já viu e ouviu nos jornais e na TV, vamos nos fixar num só ponto: num caso desses, quando duas torcidas se degladiam num estádio de futebol e um jovem torcedor é morto, atingido por um sinalizador, de quem é a culpa ?
           Ante a tragédia já consumada, o observador, ainda em estado de choque e, de modo especial, se for torcedor de outro time do futebol paulistano, haverá de apontar o Corintians como culpado, já que o clube não soube controlar as suas torcidas num jogo importante como aquele, realizado no exterior, ou os torcedores, que não souberam se comportar no estádio, mostrando que estavam ali unicamente para torcer e apoiar o seu clube em mais uma vitória... e nada mais.
           Só que os verdadeiros culpados estão bem ali, diante dos nossos olhos, e não aparece ninguém para aponta-los.
         Como no caso da buate Kiss, lá em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quando um sinalizador, usado por um membro da banda Gurizada, provocou um incêndio no local, ceifando as vidas de 240 pessoas, especialmente jovens, que ali estavam participando de uma formatura universitária, o caso do sinalizador usado por um torcedor corintiano e que atingiu o boliviano da torcida do São José, envolve, sem dúvida, um mesmo culpado, e os brasileiros, que pretendem evitar novas tragédias, não podem deixar de coloca-lo no banco dos réus.
             São dois os culpados: os poderes legislativo e executivo deste nosso Brasil.
            Se antes que tivessem ocorrido as duas tragédias, os nossos legisladores, tanto da Câmara Federal como do Senado, tivessem criado novas leis, proibindo terminantemente o uso de sinaleiros e outros tipos de fogos de artifício em locais onde costumam se aglomerar multidões, como é o caso de ginásios e estádios de futebol, exigindo, para seu cumprimento, uma fiscalização permanente por parte de órgãos governamentais, está claro que os dois lamentáveis acontecimentos, com certeza, não teriam acontecido.

             Resta ao nosso povo, agora, além de lamentar os trístes fatos que tanto nos fizeram sofrer, realizar
manifestações públicas, exigindo, dos políticos que foram eleitos com seus votos, que preparem e aprovem as novas leis que garantirão, doravante, mais segurança nos estádios (ou onde quer que se encontrem abrigadas as multidões), impedindo, de uma vez por todas, que jovens inexperientes continuem utilizando materiais festivos que possam provocar tragédias. 
             Criadas as leis, restará, aos governos, fazer com que sejam respeitadas e cumpridas. 
           Que venha, finalmente, para o nosso povo, que tanto adora torcer pelas cores dos seus clubes de futebol, um novo tempo de comemoração, dentro da paz e da ordem, causando apenas alegria e entusiasmo à todas as torcidas.                      
              Vamos torcer prá que esse novo tempo seja possível.